<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, setembro 30, 2003

Haja boas fontes 

Posto há bocado em linha pela Agência Lusa (sublinhado meu)
-----------------------------------------------------------------------

SOCIEDADE PORTUGAL POLÍCIAS Ílhavo: Ossadas e restos de um caixão encontrados em zona industrial

Aveiro, 30 Set (Lusa) - Três fragmentos de ossadas, que se presume serem humanas, restos de pelo menos um caixão, velas e lamparinas foram encontradas hoje no concelho de Ílhavo, disse uma fonte da GNR.

Aqueles restos foram descobertos no lote 42-A, Rua 9, da Zona Industrial da Mota, na freguesia da Gafanha da Encarnação.

A Polícia Judiciária foi chamada ao local, mas nenhum dos seus responsáveis prestou esclarecimentos sobre o achado.

Contactado pela Agência Lusa, o espiritualista e curandeiro Mestre Cassama associou estes achados a rituais de bruxaria.

JGJ

Lusa/fim

Emergência 

As Nortadas, que são "de direita. assumidamente", põem este vosso blog (vosso, mas muito meu) na lista das "nortadas favoráveis", a par dos seguintes blogs: Abrupto, Aviz, Comprometido Espectador, De Direita, Dicionário do Diabo, Fumaças, Homem a Dias, Jaquinzinhos e Mata-Mouros.

Isso requer medidas drásticas, e começo por pôr aqui um íman para frequentadores esquerdelhos dos motores de busca, numa desesperada tentativa de reequilibrar as forças que me lêem:

De pé, ó vitimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da ideia a chama já consome
A costa bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, oh produtores!

Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional


----------------------------------------------
E por aí fora! Uff!...

Evidentemente 

Faltava aqui, evidentemente, mais uma referência ao Terras do Nunca, companheiro nas desventuras do papel impresso que se apercebeu da reactivação do meu cantinho. Essa de o trabalho ser uma obrigação é que me está a cansar...

Saudações 

Sumários mas sinceros, aqui ficam alguns agradecimentos:

- ao Mata-Mouros, que honra o Cerco do Porto com mais um prestigiado prémio, desta vez sem ecos acusatórios noutros cantos da blogosfera;

- ao Anarca Constipado, que vai ter de me fazer um desenho muito bem desenhadinho para eu perceber a dos pneus;

- ao Cidadão Livre, pela referência. Espero que tenha concluído, entretanto, que este blog não foi de férias com este.

Ser benfiquista 

Este homem faz, no DN, um lúcido retrato da condição de adepto de futebol em Portugal. Honra lhe seja.

domingo, setembro 28, 2003

Da observação de obras 

Uma caminhada higiénica após o almoço permitiu-me praticar, hoje, um dos mais portugueses passatempos. Devia ter vergonha de admiti-lo, mas consagrei qualquer coisa como meia hora à nobre actividade da observação de obras. Fui ver o Estádio do Dragão. E fiquei pasmadinho, como qualquer observador de obras que se preze. O novo estádio é grandioso e, clubismos à parte, parece-me o mais bem conseguido dos três grandes, sem a azulejaria folclórica da toca dos lagartos ou o aspecto mal amanhado de coisa feita à pressa que tem o novo antro dos lampiões. É dispensável? Haveria outras prioridades? Neste caso, e sem especular sobre negociatas que por ali haja (estamos em Portugal, que queriam?), parece-me demagógico rotular o empreendimento de megalómano. Este é um caso em que a estrutura será rentabilizada, e espaço envolvente constituirá, feitas as contas finais, uma mais-valia para a cidade e para os portuenses. Não tem nada a ver com os elefantes brancos de Faro, Leiria ou Aveiro. Agradam-me as grandes obras, e ver aquele que espero ser o palco de muitas vitórias enche-me de orgulho, tal como sucede, por exemplo, quando o meu posto de observador é junto à Casa da Música. Antes faziam-se catedrais, as novas construções não são mais do que monumentalizações do espírito adequadas a este tempo. Sobre a Casa da Música anda por aí mais uma polémica, mas não quero falar muito sobre isso. Não sei porquê, estas questões parecem ser sempre estrategicamente levantadas devido a insondáveis objectivos. No caso, cheira-me que há empenho no sentido de inviabilizar desde já uma candidatura de Nuno Cardoso à Câmara do Porto. Deu-me para as teorias da conspiração, que querem?

P.S. – Ao deixar o Estádio do Dragão, espreitei as velhinhas bilheteiras das Antas, inactivas. Sob o pequeno coberto não vi gente, mas vi colchões velhos, cobertores, muitos caixotes de cartão. Existe ali, portanto, uma “camarata” para os sem-abrigo. Curiosamente, o presidente do F. C. Porto é um dos maiores apoiantes do Coração da Cidade, instituição que há anos presta apoio aos sem-abrigo. A par, é uma associação espírita (culto cristão tão válido como qualquer outro), o que nos remete para o mar de superstições que é o mundo da bola. Ora, o Coração da Cidade tem novas instalações, na rua de Antero de Quental, e há um tal de Ricardo Figueiredo (vereador da Câmara, aquele que entrou de chancas, dizendo que chegara ao fim o reinado do F. C. Porto na cidade) empenhado em inviabilizar a utilização do espaço, por uma questiúncula de licenciamentos. A verdade é que o Coração da Cidade, entre outras coisas, dá de comer a uma multidão esfomeada. Já o senhor vereador, que surge sempre como o rei da transparência, quer comer-nos por lorpas.

Mas alguém me paga para aturar cretinos? 

Um totó que, de madrugada, diz as boas e más novas na SIC Notícias teve de contar aos telespectadores que o F. C. Porto ganhou ao Vitória de Guimarães. Enquanto comentava as imagens, só soube dizer que o golo dos vimaranenses surgiu “após uma grande jogada” e que outro golo foi mal anulado aos minhotos. Assim resumiu a história do jogo. Tudo bem, que os três pontos são nossos. O problema foi logo a seguir, quando o rapazinho se saiu com esta alarvidade: “Com a vitória, o F. C. Porto mantém-se na liderança do campeonato, para já”. Para já, disse o sonso... Isso é que é rigor e isenção! Os portistas compreendem, sem explicações, o que estou a dizer. Aos outros peço apenas um pequeno esforço de abstracção. E digam lá se não é natural que a malta se impaciente com tanta desfaçatez.

Pê Pê 

Pê Pê, o presidente do Partido Populista, deu o dito por não dito na questão dos imigrantes. Mas tornou claro que mais vale um integrado do que dois à margem da sociedade, a viver debaixo de pontes ou a buscar alimento em contentores de lixo. Acrescentou que a esquerda quer abrir as fronteiras de par em par para que entre toda a gente, contrariamente à direita, que, concluo, quer decretar restrições humanitárias... Nas entrelinhas ficou dito, portanto, que a esquerda quer arregimentar pessoas para comer do lixo. Como de burro o cavalheiro não tem nada, sou levado a pensar que há ali um não desprezível défice em matéria de honestidade intelectual.

sábado, setembro 27, 2003

A fraude da moca 

No intervalo do Guimarães-F. C. Porto (aquilo está engonhado...), reparo que a RTP 1 está a transmitir o Portugal-França em hóquei em patins, jogo de abertura de mais um campeonato do Mundo realizado em soalho nacional. Só a circunstância de haver tantos mundiais cá na terra já dá para desconfiar. Mas não admira. A "moquinha" só é popular em Portugal, em Barcelona, na Corunha, nos arredores de Milão, em certas localidades da América Latina e entre alguns grupos de amigos e parentes que inventam campeonatos no Benelux. Pouco mais. Lembro-me bem que há alguns anos, quando a prova decorreu em Itália e a selecção local estava em vias de ganhar, a "Gazetta dello Sport", um dos dois grandes diários desportivos italianos (e milanês, ainda por cima) não dedicava ao evento mais do que um friso, quaisquer dez linhas seguidas dos resultados, num fundo de página esquecido nos fundos do jornal. Em 1992, o catalão Juan António Samaranch, então presidente do Comité Olímpico Internacional, conseguiu levar o hóquei em patins aos Jogos Olímpicos de Barcelona, com o estatuto de modalidade de demonstração (candidata a tornar-se olímpica), mas os jogos decorriam a dezenas de quilómetros da cidade. Foi um fiasco completo. Todos sabemos que o hóquei era, noutros tempos, um complemento da trilogia dos éfes para glorificação da lusa identidade. Uma fraude. Não está em causa se é ou não serviço público transmitir a coisa no Canal 1. Só tenho pena de as pessoas deste país ainda julgarem que aquilo é importante.

Devaneio num cálice de conhaque 

No início era o nada. E do vazio nasceu o verbo, moldado pelo Homem para resistir, esculpido pela razão, criado para iludir a ausência de rumo, para mascarar a sensação de fraqueza esmagadora. E o verbo deu sentido a Deus, e Deus deu sentido ao Homem. Escondeu a fragilidade do ser à sombra das certezas que nos faltavam. Deus surgiu do nada inicial para que o pudéssemos venerar ou repudiar. Fez-se para que, na adoração ou na negação, o Homem tivesse a importância que o ganho da consciência lhe dava. Inventaram-se as palavras homem e mulher, uma dependente da outra. Fez-se o mal para justificar o bem. Ódio e amor. Nasceu o silêncio para que a música fosse apreciada. Ao nada, que nunca assumimos, emparelhámos a plenitude, que vamos perseguindo sem dar com ela. E contrariámos a inércia com o afã, a resignação com a inquietude. O riso só vale quando há choro, o doce não tem sabor enquanto não provamos a amargura. E navegamos pela vida em função das palavras que formam as ideias. Damos corpo à revolta das palavras contra as ideias que as inventaram. Escrevemos, gritamos, cochichamos. Em palavras. Em frases secas, em floreados barrocos, em monossílabos arrancados a ferros de um doloroso esgar. Pintamos o nada de tudo e sentimo-nos poderosos por um instante, aquele instante em que somos vida, em que lutamos sem tréguas para anular o vazio a que inexoravelmente regressamos. Acreditamos, pela força do que dizemos (o que sentimos ou a pensada negação disso mesmo), haver algures, em nós, uma força cósmica que nos impede de ser nada. E inventamos forças para tentar, dia após dia, ser felizes. Para travar essa única batalha que nos torna importantes.

sexta-feira, setembro 26, 2003

Os Seixos, que é como se diz The Rolling Stones em Português 

Várias razões fazem com que eu tenha, desde pequenino, uma grande afinidade com Coimbra. Dói-me ver a degradação dos edifícios, o ar de abandono a que chegou a cidade em que a única grande força viva é a aparentemente hermética e altaneira Universidade. Falta a Coimbra a dinâmica que o dinheiro proporciona, mas há um estádio inteiramente renovado a irradiar felicidade colectiva. Amanhã, tocam lá os Rolling Stones. Admito que a ideia de contratar a paquidérmica banda, viciada em digressões enquanto forma de ganhar muito dinheiro (quando precisam, lançam um disco e fazem uma digressão), admito que essa ideia de os contratar para inaugurar o estádio pode parecer um pouco disparatada. Mas é um prazer que este seja o primeiro megaconcerto feito fora de Lisboa. É um episódio de descentralização, apesar de inconsequente para o bem-estar da população local.

quinta-feira, setembro 25, 2003

Organizações de fé 

Incomodam-me as organizações de fé, porque, invariavelmente, põem a organização à frente da fé. No caso da Igreja Católica, a muita obra meritória produzida ao longo de séculos (pouca, quando comparada com o interminável rol de iniquidades) resulta mais da acção de homens bons – bons homens de fé –, do que da instituição propriamente dita. Porque esta, a organização tentacular, existe com o objectivo de ser perpetuada in saecula saeculorum, missão a que a hierarquia clerical se entrega de corpo e alma, absorvida pela força vital da própria instituição (um fenómeno similar ao que se verifica, actualmente, com as empresas, que ganham vida própria à medida que vão crescendo e não encontram uma justa medida, procurando crescer indefinidamente, sem preocupações com danos colaterais).

Exemplo recente dessa incessante e feroz batalha pela sobrevivência é o documento da década de 1960, divulgado há tempos pela CBS, pelo qual a Cúria romana determinava normas a seguir para preservar a todo o custo o segredo, em casos de abusos sexuais envolvendo sacerdotes. A regra era transformar o segredo em desígnio divino, impondo-o aos eclesiásticos e aos próprios crentes, convencidos pelo medo da condenação eterna. Tal documento não foi categoricamente desmentido. É real.

Tal documento simboliza a resistência de um poderio empedernido, revela a face da organização, em tantos aspectos similar a outras organizações da Península Itálica e ilhas adjacentes. É esse poderio empedernido, anacrónico, opressivo, que transparece dos “37 abusos litúrgicos” que, segundo notícias vindas a lume estes dias, integrarão um documento que está a ser preparado nos lúgubres gabinetes do Vaticano. Uma vez assisti, em Vila Nova de Gaia, a uma missa anglicana, presidida pelo próprio arcebispo de Cantuária, e o que mais me sensibilizou foi o espírito de alegria, a proximidade entre os fiéis e os vários prelados e sacerdotes presentes. Foram os cânticos, a forma de comungar, o sermão do arcebispo, proferido numa postura dialogante, em simultâneo serena e festiva. Ora, se o Evangelho é a Boa Nova, por que diabo há-de implicar ambientes soturnos, atitudes cinzentas e distanciadas. A que propósito é que a Igreja há-de subsistir incutindo aos fiéis o temor resultante do distanciamento? É isso que se pretende, com a erradicação dos ditos “abusos litíúrgicos”, como sejam palmas na igreja, a existência de raparigas acólitas ou outro tipo de música além dos cânticos que se aprendem nos seminários. Não faz sentido.

Para mim, é indiferente. Já disse que gosto pouco de organizações de fé, apesar de não ter a fé cega que é necessária ao ateísmo. Mas espanta-me como é que uma instituição em crise (como a Igreja Católica Romana é, declaradamente) esteja a trabalhar com afinco para se enterrar ainda mais. Eles lá sabem. Mas gosto de ver, por exemplo, a alegria do António Colaço quando fala dos adufes na igreja matriz de Mação. Comove-me, a alegria que as pessoas conseguem extrair da fé. E sei que continuarão a consegui-lo, pois a Igreja, em verdade, é a multidão de fiéis, não um grupo de purpurados agarrados a um poderio cada vez mais bacoco.

quarta-feira, setembro 24, 2003

Perecíveis 

“(...)
“Mas na Argentina impôs-se um modelo económico, essência da globalização, que fez que umas calças confeccionadas no país, com duas pernas e em tecido nacional, não conseguissem competir com o preço das mesmas calças feitas nalgum país asiático, também com duas pernas, mas confeccionadas por mão-de-obra incapaz de sonhar com os direitos laborais conquistados pelos trabalhadores argentinos.
“(...)”

Este excerto de uma das crónicas de Luis Sepúlveda reunidas em “O General e o Juiz”, um livrinho essencial que talvez aqui volte um dia destes, fica no Cerco do Porto para memória futura dos que vêm aplaudindo o Código do Trabalho do Bagão, receita milagrosa para tornar o país produtivo e as pessoas perecíveis. Antecipadamente perecíveis, bem entendido.

(já agora, caro MAV, a tradução literal de “La locura de Pinochet y otros artículos” não daria um título mais coerente, além de ser o original?)

Diabólico 

Atrasado, bem sei, mas não resisto a deixar aqui testemunho da vitória de domingo último, sobre os lampiões. É sempre divertido. Se o F.C. Porto joga mal, não há problema, pois o Benfica perde sozinho. Creio que na SIC Notícias, o Manuel Serrão disse qualquer coisa do estilo “eu desejo mal ao Benfica”. Evidentemente! Também eu desejo mal ao Benfica, que é uma maneira polida de dizer aquilo que, no fim do jogo, saía da boca de um adepto para todos os televisores do país: “Puta que pariu os mouros!”. Isto só pode ser entendido – e aceite – num contexto de franqueza e de convicções firmes, próprias da irracionalidade inerente às futebolices. Claro que não é uma declaração de guerra, claro que não há aqui apelos à violência. Mas é outra coisa que eu agora quero dizer. Depois daquela invocação da moirama, Joaquim Letria, em estúdio, dava a entender que havia ali uma forma de primitivismo e intolerância eventualmente característica do Porto. Dizia-o em pose de aparente serenidade, mas sem esconder por completo um incómodo que, pela amostra, lhe fazia estremecer as entranhas. Deu-me vontade de rir, não tanto pela atitude mas por me ter recordado um outro benfiquista, colega de profissão que, há anos, num bar de hotel, quando a conversa descambou para o futebol, começou a tremer, da mesma forma disfarçada e com o mesmo olhar vidrado, enquanto falava de Pinto da Costa e de todos os dirigentes portistas: “São as forças do mal!...”.

Novo arranque 

Regresso. Estou à vontade, pois não volto, aqui, a um sítio onde fui feliz. Pouco arrisco. Torno ao blog, a este nada que esteve mais vazio nos últimos quinze dias, sem que por tal houvesse o mais pequeno abalo na progressão da Humanidade. Vejo que a blogosfera não parou, certifico-me de que a maquinaria funciona e lanço-me de novo à aventura da escrita partilhada à borla, movido pelo mesmo inconsequente empenho do primeiro dia.

terça-feira, setembro 09, 2003

Levantar o cerco 

Durante duas semanas, mais coisa menos coisa, este sitiado permanecerá em silêncio. É tempo de reparar rombos nas muralhas, recuperar energias e refazer reservas de víveres. Depois será tempo de continuar a resistir.

Aditamento 

No Porto, o canal 18 é o Cartoon Network/TCM. Concluam o que quiserem.

segunda-feira, setembro 08, 2003

Íntimo 

Fiquem os blogs sulistas, elitistas e não liberais a saber que o canal 18, por estas bandas é uma coisa inocente qualquer. O canal Intimo, assim se chama, é o 26, igualmente codificado de há uns dias para cá.

Isto é uma brincadeirinha, espero q'os camaradas tenham sentido de humor. Li no sítio linkado a nota que me motivou, mas uma pesquisa no Google deu conta de 48 referências a "canal 18" no domínio blogspot.com, contra apenas 19 ao "canal 26". Ou os lisboetas são mais tarados, ou têm mais blogs ou estão mais desconsolados.

domingo, setembro 07, 2003

Tentação 

No seu mais recente texto bloguístico, o Manuel Jorge Marmelo, qual diabinho com asas a azucrinar-me os ouvidos, quase me fez acender um cigarro. Um cigarro, não. Dez ou vinte de uma vez. Procurando um maço que pudesse por aqui andar perdido, enfiei a mão no saco dos rebuçados de mentol e resisti. Saudável, com este açúcar todo nos dentes?

Iberismo 

O matador de mouros LR refere-se, por duas vezes, ao Cerco do Porto. A primeira, contra-atacando o comentário que eu fizera a um texto sobre o fecho da Escola Rainha Santa Isabel, no Porto. Desta vez, nada a contestar. Depois, pega no meu texto sobre a derrota da selecção nacional para me meter na molhada do iberismo. Faz-me lembrar "A Jangada de Pedra", naquela parte do "somos todos ibéricos". Eu sou verdadeiramente português, o que, provavelmente, quer dizer burro. Posso lamentar, de algum modo, os incidentes históricos dos séculos XII e XVII, mas não batalho pela unidade ibérica. Nem bom vento nem bom casamento! (mas gosto dos vinhos, das comidas, da monumentalidade e da forma como os rapazes sabem viver a vida)

sábado, setembro 06, 2003

Portugal, 0-Espanha, 3 

Não há muito a dizer sobre a palhaçada de Guimarães. Talvez deixar claro que tudo começou com o processo aviltante que fez de Gilberto Madail candidato único à presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Ou não. A verdade é que tudo começou no século XII, quando uma criança, de sua graça Afonso Henriques, bateu com a cabeça num merlão e decidiu que um dia seria rei, inventando-nos, tristes e simplórios portugueses.

Mais tabaco 

Continuo firmemente determinado em não fumar. E tantas são as vezes em que me apetece um cigarrito que seja. Escrevo isto depois de ver que o Apenas Um Pouco Tarde foi buscar ao Reflexos de Azul Eléctrico um pensamento sobre a matéria. E só quero dizer o seguinte: abdiquei de um prazer, trepo pelas paredes (cada vez menos) e gasto menos € 6,30 por dia; não fumo desde o dia 14 de Agosto e não me incomodam nada os cigarros dos outros, os amigos fumam que nem cavalos à minha volta e eu não me importo, ou seja, não me reduzi à animalesca condição de antitabagista primário; estou a tossir mais agora do que quando fumava alarvemente, mas creio que vai passar (é o sistema automático de limpeza); é quando estou sozinho que me custa mais estar sem fumar, pelo que cai por terra a teoria do vício social.

Coincidência 

Num texto aqui posto ontem, o adjectivo formidável, saído sei lá de onde, agarrou-se como lapa ao fotógrafo Jaquinzinhos. Só ao reler, hoje, me lembrei que o 'Formidável' é um dos mais significativos fotógrafos portugueses. Fernando Marques, cauteleiro de profissão, registou com a sua maquinaria o século XX de Coimbra, cidade que viveu do nascimento (1911) à morte (1996). Mas também as glórias do desporto. Ele é o homem que, numa foto do também falecido Nuno Ferrari, consolava um choroso Eusébio, depois da derrota dos Magriços com a selecção inglesa, em 1966. Esse momento foi mote para um poema de Manuel Alegre, que aqui deixo para assinalar a curiosa coincidência.


O FORMIDÁVEL

Foi visto em Wembley a consolar Eusébio.
Também a nós muitas vezes nos consolou
viu-nos nascer viu-nos partir viu-nos voltar
muitas vezes até nos viu morrer
marcou connosco os nossos golos
chorou connosco as nossas lágrimas.

Meteu o coração dentro da máquina
trabalha sem rolo.

Quem sabe o que retrata?
Há uma cidade que só ele vê
e é mais que certo que só ele capta
o insondável.
Fotógrafo de Coimbra ele é
o Formidável.


Manuel Alegre

Grrrrrrrr 

O Blogger está a pôr-me a cabeça aos papos.

sexta-feira, setembro 05, 2003

Acção social 

Através de um motor de busca, alguém procurou "acção social escolar na câmara do Porto" e deu aqui com o estaminé. Terá sido o Rui Rio, em busca de argumentos para provar que se preocupa com os cidadãos?

Click 

Além de lagarto e reaça, o Jaquinzinhos é um formidável fotógrafo amador. Fui atrás de um flamingo e dei com isto. Há que partilhar.

Bananal 

Como pode alguém sugerir que a democracia portuguesa está solidificada quando, afinal, temos isto, com isto a reboque? Vem a pergunta a propósito disto e disto.

quinta-feira, setembro 04, 2003

Pataratas 

Ao dizer que só houve quatro mortes associáveis ao calor, o ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, faz lembrar os tempos em que Cavaco garantia que apenas existia uma vaca louca em Portugal. Que ninguém os leve a sério.

Teoria da conspiração 

O Mata-Mouros refere-se à coisa como "aquele-blogue-de-que-todos-falam-e-todos-lêem-mas-ninguém-dá-o-endereço". É claro que também já lá estive e que li de uma ponta a outra, tal como já vi emissões do Big Brother, a final da Operação Triunfo ou o concurso do inenarrável Nicolau Breyner. E é evidente que não dou o link do tal blog, uma espantosa, bem estruturada e muito provavelmente criminosa teoria da conspiração a propósito da Casa Pia. Não estou aqui para ser cúmplice de criminosos. Mas gostava de notar, como muito bem saberão os juristas da blogosfera, que o tal blog vale tanto como as cartas anónimas que desencadeiam investigações policiais. Com certeza que aquilo que toda a gente já leu (e, sem pôr o link no blog, já deu a ler a mais alguém) está a ser investigado. Muitos inocentes e culpados estão, neste momento, a tremer de medo, porque, em verdade, quem não deve também teme.

quarta-feira, setembro 03, 2003

Medeiros e merdeiros 

Já tinha visto algumas referências, mas só agora li a crónica de Medeiros Ferreira sobre blogs, no DN de ontem. Que vulgaridade! Que oco! Que zero à esquerda...

De pé atrás 

A proposta do animador de serviço é bonita, poética, musical. Mas quem não alinha nela sou eu. Este blog, até ver, é para continuar, e na blogosfera, como no mundo real, a malícia circula mais rapidamente do que os afectos. Deixemo-nos estar nesta solidão de pensamentos e bocas, mas louvemos as boas intenções de quem as tem. Se calhar, há qualquer coisa de hipocrisia nisto que eu estou a dizer. Ah, se os dias fossem realmente leves!...

Ide-vos fundir 

Como os rumores, às vezes, descambam para notícias, da mesma maneira que os almoços se transformam em factos políticos, deixo aqui o meu pequeno grito de protesto. O Glória Fácil anuncia uma presumível tainada da qual poderia resultar a fusão com o Terras do Nunca. Pode ser brincadeira, pode ser provocação, mas também pode ser verdade. Se fosse verdade, teria muita pena. Já aqui o disse noutros termos, mas reforço o dito: o Terras do Nunca é, se calhar, o meu blog preferido, o que resulta de ser pessoal (não íntimo, não íntimo...). Mesmo que escrevesse as mesmas coisas, o jmf diluir-se-ia ao mergulhar nesse sonho de glória pouco trabalhosa. Colectivo, o Glória Fácil ainda não tem identidade bem definida, o que não quer dizer que seja mau. Se estão a procurar um equilíbrio de forças entre títulos de referência (a maior tanga que há), estejam quietinhos, bloguem bem, como costumam fazer, e sejam felizes.

Lagartinhos 

Em jeito de saudação aos lagartinhos, que vieram às Antas levar 4-1 (e podiam ter sido mais, pois podiam...), permito-me plagiar descaradamente o Jaquinzinhos com esta frase copiada e devidamente retirada do contexto: "Para quê treinar tão arduamente, sacrificando parte significativa das alegrias da juventude, se na primeira oportunidade, num ápice, se destrói a carreira desportiva a glória e a popularidade?".

segunda-feira, setembro 01, 2003

Taça UEFA 

Não foi plágio, posso garantir. Também não foi brilhante, pelo que não era merecedor de plágio. Mas, se o Jaquinzinhos quiser, posso remeter-lhe o troféu de "melhor saudação" (o cheque é meu). No fundo isto só mostra a crescente importância dos prémios semanais atribuídos pelo Mata-Mouros.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?