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sexta-feira, agosto 29, 2003

Desertificação urbana 

No Mata-Mouros, LR pega na notícia do encerramento da Escola Secundária da Rainha Santa Isabel e da sua fusão com a Escola Secundária de Alexandre Herculano. São duas instituições emblemáticas do Porto, com a particularidade de distarem uma da outra cerca de dez metros, o que será a largura da Rua de António Carneiro, passeios incluídos. Existiam ali, paredes-meias, desde os tempos em que uma se destinava a senhoritas e a outra a valetes. Sobreviveram enquanto escolas mistas do 25 de Abril para cá. Mas não é normal, em lado nenhum, haver duas escolas destinadas ao mesmo público estudantil, ambas de consideráveis dimensões, ao lado uma da outra. Depois, LR fala da regressão demográfica e vai buscar números nacionais, eventualmente enganosos, pois fica por saber se está bem ou mal a relação entre os números de alunos e professores. O que faz fechar aquela escola, porém, não é a regressão demográfica nacional, relacionada com as quebras da taxa de fecundidade (média do número de filhos nascidos ao longo da vida de uma mulher), mas sim a desertificação dos núcleos urbanos, resultante da especulação imobiliária e da rédea solta dada a construtores para fazer dormitórios aqui, ali e acolá. Isso enquanto os autarcas da cidade (o problema não se cinge ao Porto) sempre foram verdadeiros pusilânimes, incapazes de evitar a degradação dos centros históricos e a fuga das populações. Ou seja, mostrar números, como faz o Mata-Mouros, nem sempre é suficiente.

Ar puro 

Ainda a propósito do Milan-F. C. Porto, mais uma pequena referência à minha cruzada pessoal. Aguentei o jogo todo sem fumar um só cigarro. Como referência, durante a final de Sevilha, vista igualmente na TV, deitei abaixo maço e meio. Estou orgulhoso, que querem? Talvez esta seja uma das microcausas de que o outro fala.

Engarrafamento 

Desde que escrevi lá para trás uma série de palavras para atrair o povo que andasse à procura da irmã do Jardel, o que coincidiu com a introdução do mecanismo que me permite averiguar quais as palavras que fazem os motores de busca mandar para cá gente, desde essa altura, dizia, todas as buscas que trouxeram povo ao Cerco eram "Jordana Jardel" ou "fotos de Jordana Jardel", à excepção de uma única, que rezava assim: "fotos do nó de Francos".

Quer isto dizer que Jordana Jardel é mulher para fazer parar o trânsito.
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Lerpámos 

O F. C. Porto perdeu a Supertaça europeia. Perdeu bem porque jogou mal. Nenhum dos nossos futebolistas teve atitude competitiva, e o azar da segunda parte não é suficiente para iludir as causas da derrota. Ganharam os melhores, perderam os piores. Que se lixe. Daqui a uns anos, pode ser que haja mais...

Peer Gynt 

Estou para aqui em contagem decrescente. À espera do jogo, pois. Sem fumar, ainda. Hoje é o 15.º dia. Nas orelhas, a manhã de Peer Gynt, de Grieg, pela Berliner Philarmoniker de Herbert von Karajan. Já amanheceu há muito, pois, mas espero que esta sonoridade, da qual transbordam as forças mágicas da natureza, seja prenúncio de uma cintilante jornada europeia do F. C. Porto. Mais vale cantar de galo enquanto é tempo. Se a coisa der para o torto, lá terei de levar com eles em cima...

Vergonha 

Que a vergonha se abata sobre mim! Quis meter-me com o Terras do Nunca, imaginando eu que de forma inócua, mas ele viu na coisa uma radicalização do discurso. Vá lá que gosto de leite de vaca. E o problema é que eu, em boa verdade, conheço muito, muito, muito mal o percurso artístico da Joni Mitrchell. Enfim, mais valia estar cagado (calado, mas dito à maneira de Nuno Morais Sarmento).

quinta-feira, agosto 28, 2003

Ferrado 

Por muitos motivos, o Terras do Nunca é um dos meus blogs favoritos. Até quando escreve sobre leite. Eu, citadino desde que parido, também tive a minha infância rural, temporadas de Verão na aldeia materna, ali no concelho da Covilhã. Perpetuemo-la no blog: chama-se Vale Formoso. Ora, em Vale Formoso, o leite também era de vaca, garantidamente. E bom, com gosto verdadeiro, sem divisão de componentes para fazer manteigas ou natas pasteurizadas. Também lá era depositado na dita vasilha de alumínio, à qual se dava o nome de ferrado. Há tantos anos que não vejo um ferrado, com a sua tampa basculante, a sua asa e o leite verdadeiro que continha. Tem graça que foi também na Covilhã que descobri o leite UHT, empacotado, justamente, nas tais pirâmides. Nessa altura, no Porto, apenas havia sacos e garrafas de leite do dia (diziam eles). Quem diria que o leite pode encerrar recordações destas?

Mais um recado ao jmf: Brel é "um bocadito de outro tempo" se Mozart for "um bocadito de outro tempo", se Beethoven for "um bocadito de outro tempo", se os Beatles foram "um bocadito de outro tempo". Não é. Jacques Brel é de todos os tempos. Já quanto à Joni Mitchell, caguei.

quarta-feira, agosto 27, 2003

Europa 

Cerco do Porto saúda o Sport Lisboa e Benfica pela qualificação para a Taça UEFA.

domingo, agosto 24, 2003

Sobre touradas (vem aí Barrancos, alguém se lembra?) 

Há um assunto que eu gostava de deixar claro aqui no Cerco do Porto. Sou absolutamente, incondicionalmente, rigorosamente contra as touradas, um costume bárbaro que envergonha qualquer cidadão que consiga ver um pouco para lá das tradições primitivas que os ascendentes lhe impingem.

Esta matéria grave, triste e preocupante não obriga a que a contestação seja feita em extensos relambórios justificativos, de tal forma o problema é simples e a sua compreensão fácil:

- o homem não é proprietário do Mundo (mesmo teologicamente, não faz sentido);
- os animais somos nós, os animais são os toiros, os cavalos, os forcados, os matadores; que direito têm os animais que se dizem pensantes de promover entretenimento à custa do sofrimento ou da morte encenada de outros? Matar, no Reino Animal, é algo de nobre, feito para suprir necessidades alimentares, geralmente; matar ou fazer sofrer para divertir uma plateia é pura selvajaria;
- tradição? Metam a tradição por qualquer orifício que tenham disponível! Querem preservar tradições? Recuperem a lapidação de criminosos, recuperem a pena de morte, recuperem a roda, a canga e outras formas de castigar criminosos; amarrem-nos, partam-lhes as articulações, exponham-nos e riam-se deles na praça pública, ninguém se admirará com tal atitude;
- na minha opinião, um tipo que pense que os restantes animais existem para servir o homem é um energúmeno;
- os amantes das touradas não o são necessariamente; podem ser pessoas empedernidas pela educação que receberam e pouco capazes de efectuar raciocínios analíticos lógicos;
- uma pessoa para quem as touradas sejam a forma de preservar uma espécie animal – o toiro bravo – criada para o efeito, que sem touradas já se teria extinguido, é patética; que morra pacificamente o último dos touros bravos se assim tiver de ser, mas que o destino sangrento e o sofrimento não sejam as razões da existência da espécie;


Queria escrever pouco e já estou a esticar o sermão. Para mim, as touradas não fazem sentido. Gente que bate palmas ao sofrimento infligido a animais é doente, necessita de urgente intervenção psiquiátrica. Não digo que as vacas são sagradas, mas que o abate para alimentação seja digno, devidamente controlado e implicando o menor sofrimento possível dos animais. Matar ou fazer sofrer na arena, para que um bando de alarves bata palmas, é criminoso.

Era isto que eu gostava de esclarecer.

sábado, agosto 23, 2003

Ânimo 

Não conheço o autor do Ânimo (se calhar até já falei com ele ao telefone, não sei se é a mesma pessoa, também não importa).

Chama-se António Colaço, promove ofertas de jacarandás, luta pelo renascimento de aldeias abandonadas. Se a escrita corresponde em absoluto à pessoa, este é um homem enorme. Deu-lhe um "complexo de inferioridade blogue" e fez um pedido de solidariedade aos amigos. Eu não estou lá, mas meto-me ao barulho. Para dizer isto: o Ânimo é tão solidário que, se calhar, é isso mesmo que faz as pessoas esquecerem-se de que também ele precisa de que sejam solidários com ele; o Ânimo é a bondade em forma de blog; torna-nos os dias mais leves.

A TSF mudou 

Hoje tive um claro indício das mudanças na TSF. À portuguesa, claro, muda-se sempre para pior. Ou quase sempre. Aconteceu no espaço que era do Flashback.

(em verdade, nunca gostei particularmente do programa: Pacheco Pereira é o tipo que fala de tudo com um tom de enfastiada elevação, Lobo Xavier é o género de pessoa com quem muito dificilmente simpatizarei, José Magalhães é incapaz de falar normalmente, cobre-se de ridículo a rebuscar o léxico para exprimir opiniões vagas)

O que aconteceu foi uma coisa em que muitos não repararão. Há um locutor qualquer que anuncia "a rainha da Pop". E diz que a dita é a "miss Madonna". E acrescenta que "já não é miss, porque se casou". E põe no ar "Crazy for you". Além da informação, a TSF tinha uma das melhores selecções musicais da rádio portuguesa, as "apostas TSF" eram verdadeiro serviço público. O paleio deste locutor é digno da RFM ou da Rádio Comercial, a canção uma chachada. Desde hoje, a TSF mudou.

sexta-feira, agosto 22, 2003

Roupagem 

Finalmente, pus qualquer coisa na coluna do lado. Não são todos de leitura diária, não. Mas alguns são. E outros faltarão, lá iremos com o tempo. Parece que o Cerco fica, assim, mais compostinho. É uma questão de roupagem. Vestimo-nos com os outros.

Solidariedade 

Solidário com o Terras do Nunca, prontifico-me a repartir o mal pelas aldeias.

Jordana matadora de quatro jardel inteiro fotos pelada inéditas na praia a cores cama download sofá nua bondage descascada playboy a ler a penthouse boa boa podre de boa como o milho e ainda mais provocante como você nunca viu Manuela Ferreira Leite (uma pequena pitada de humor negro).

Isto deve chegar.

Olá e adeus 

Começo por dar as boas-vindas ao Júlio Roldão, que nos presenteia com o Caderno de um Jornalista. Afinfa-lhes, Julinho, e vê lá se alimentas regularmente o rapaz!

O Guerra e Pás, montado num esbelto alazão, rumou ao pôr-do-sol, sendo tapado pela expressão "The end". Era um bom blog (é, enquanto puder ser consultado), e até deu para polemizar um pouco por causa do JN. Espero, sinceramente, que dê lugar a outra aventura qualquer.

quinta-feira, agosto 21, 2003

CÂNTICO DE HUMANIDADE 

Hinos aos deuses, não.
Os homens é que merecem
Que se lhes cante a virtude.
Bichos que lavram no chão,
Actuam como parecem,
Sem um disfarce que os mude.

Apenas se os deuses querem
Ser homens, nós os cantemos.
E à soga do mesmo carro,
Com os aguilhões que nos ferem,
Nós também lhes demonstremos
Que são mortais e de barro.


Miguel Torga

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Fumadores Anónimos 

Oitavo dia sem pegar em cigarro ardente. Um pesadelo voluntário.
Vejo-me numa sala não muito grande mas bem recheada de gente, ambiente pesado, abafado, aligeirado na aparência pelas pás de ventoinha suspensa do tecto. Ouço um burburinho, reparo em gente que fala em pé, o grupo bate palmas, eu também, não sei porquê, mas vou aplaudindo, vigorosamente, até me aperceber que já mais ninguém o faz, que todos os rostos rodam, lentamente, na mesma direcção. Corto o aplauso quando vejo todos os olhos postos em mim, levanto-me e sinto uma comichão na garganta que me faz falar.
– Boa noite,o meu nome é P. – “BO-A NOI-TE, PÊ”, respondem todos –, já venho aqui há alguns dias, mas ainda não tinha falado...
Reparo em sorrisos, em acenos de cabeça paternalistas, em bocas escancaradas de espanto. Respiro fundo para ganhar coragem, tusso. Continuo.
– Sou um fumador, admito, mas não fumo há uma semana!...
Estoira de imediato um aplauso unânime, alguém me dá palmadas nas costas, sorriem-me dali e dacolá, fixam de novo em mim os olhares, esperam. Prossigo.
– Não há minuto que passe em que eu não queira acender um cigarro. Quando vou na rua, quase flutuo a perseguir o cheiro dos cigarros que passam. Mas estou a resistir. Não me envergonho de usar substitutos para a nicotina. Comecei com uísque, complementei com cocaína, pois não suporto beber de manhã, não dispenso a minha dose de xanax, já comprei umas pastilhas com nome de carro (mercedes, mitsubishi...) que vou experimentar um destes dias, quando decidir que já posso sair à noite sem me tentar com o pernicioso vício do cigarro. Um dia, se calhar, será possível combater o vício sem recurso à abstinência sexual, mas o nosso estádio evolutivo ainda torna imprescindível o cigarro depois. Mais vale não facilitar. Não é simples, todos sabemos, mas eu aguentarei, um dia de cada vez, minuto sobre minuto, segundo sobre segundo. Porque nenhum cigarro é mais forte do que a vontade humana.
De novo o fortíssimo aplauso, de novo as palmadas nas costas. Obrigado, obrigado, vão-me dizendo. E cercam-me, tentam abraçar-me beijar-me, a multidão fecha-se sobre mim, escorrego, caio, sinto mãos por todo o corpo, mergulho na escuridão, tento respirar, sufoco, griiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito...
Acordo completamente encharcado, ofegante. Penso em acender um cigarro, mas sei que não tenho. Atiro-me à despensa e procuro uma caixa de chocolates, bebo leite, enfio a cabeça debaixo de água fria. Abro a janela para a noite fresca, atiro-me para cima dos lençóis, cravo os dedos no colchão. Tento respirar pausadamente, inspiro devagar, conto até cinco, expiro com toda a força. Levanto-me novamente, bebo água, torno à cama, desisto de combater a insónia, espero. Fixo um ponto negro no tecto – uma mosca? –, esse ponto cresce, cresce até que o negrume toma de assalto olhar e pensamento. Mesmo antes de adormecer, ouço uma voz vinda sei lá de onde: “Valerá a pena pôr isto no blog?”.

quarta-feira, agosto 20, 2003

Continuado 

Pleeeeease, não leiam no texto anterior mais do que está lá escrito. O citado diário fez uma opção de que eu não gostei, que me parece, jornalisticamente, muito questionável. Está lá escrito que Sérgio Vieira de Mello era um grande homem, e não quero dizer que o dito jornal não presta. É um bom diário, que erra, como todos os outros. Também há quem goste de errar por aí com ele debaixo do braço, porque fica bem, but that's another story... (que diabo, dois textos seguidos a acabar em inglês! que pedante! bem podem dizer que sou um chato que escreve tontices irritantes! dou a mão à palmatória)

Antítese do jornalismo 

A primeira página do "Público", hoje, é a antítese do jornalismo. Foi feita no ponto preciso em que a linha da elevação toca a linha da criancice. Sérgio Vieira de Mello era um grande homem, mas, se não tivesse estado em Timor, era apenas mais um tipo, aos olhos dos portugueses. Não era uma grande figura. O atentado de Bagdade foi contra as Nações Unidas, não foi contra Sérgio Vieira de Mello. Bem sei que os jornais devem explicar, bem sei que são o dia seguinte ao chorrilho de informação debitado por rádios, televisões e meios online. Mas há notícias a que um jornal não pode, nem deve, escapar. Pôr uma foto de arquivo de Vieira de Mello é escamotear a notícia e inverter a ordem de importância das coisas. O ataque foi contra a ONU (título), Vieira de Mello morreu (subtítulo). Não pode escarrapachar-se uma foto do alto funcionário, em nome de uma estética que não compreendo, e agir como se fosse Greta Garbo a morrer na voluntária solidão nova-iorquina. Não me parece que estejam todos enganados e o "Público" esteja certo. É o mal de querer ser diferente, just because...

terça-feira, agosto 19, 2003

ONU 

A morte de Sérgio Vieira de Mello, um óbvio desperdício e uma tremenda estupidez, acaba por simbolizar os maus tratos infligidos às Nações Unidas em todo este processo de guerra "libertadora" no Iraque. Mais um episódio da tão grande vergonha.

Reproduzo, sem comentários suplementares, o lead de uma notícia difundida há minutos pela Agência Lusa (será a mão de LD, a puxar para o lado social dos factos?):


CONFLITOS INTERNAC IRAQUE Iraque: Bush interrompeu partida de golfe assim que soube do atentado

Crawford, EUA 19 Ago (Lusa) - O presidente norte-americano, George W. Bush, interrompeu hoje, no Texas, uma partida de golfe, assim que foi informado do atentado contra a sede da ONU em Bagdad, de que resultou a morte de pelo menos 13 pessoas.



Hey, hey, my, my 

Rock'n'Roll can never die

Ou uma forma de saudar o regresso do Terras do Nunca.

Early, late... que é que isso interessa?... 

Já disse aqui que os blogs são cíclicos. Cada um baralha e volta a dar, conforme os objectivos que tenha. Objectivos, evidentemente. Ter objectivos é ter um propósito, bem definido ou difuso, escondido em palavras soltas, aqui postas quando está mais fresco e o vento murmulha nas copas das árvores, ou quando está mais quente e o gelo tilinta nos copos de gin. Há sempre um propósito qualquer. Pode ser a criação de um novo espaço para fazer política, um espaço de liberdade meticulosamente calculada (falsa liberdade, pois). Pode ser a busca de uma alternativa literária, um banco de ensaios. Pode ser a criação de uma pequena legião de seguidores, a simples marcação de presença num novo meio, a rejeição do esquecimento enquanto possibilidade a que nos sujeitamos. Pode ser isso tudo. Ou outro tudo qualquer. Um blog diz, na essência, muito de quem o faz. Não nos propósitos enunciados. Na essência, que nunca está lá claramente traçada. Na essência respeitada desde que ignorada. Quando um blog é de alguém que dá a cara, então, a coisa obedece muito mais a um objectivo. Ninguém escreve rigorosamente o que lhe passa pela cabeça, pois todas as palavras são medidas em função do propósito que se tem. Ou faz-se como o Pipi, e fica-se, enquanto Pipi, amarrado a uma linha criativa de ilusória liberdade mas essencialmente limitativa e secreta para sempre. Os textos sobre blogs raramente são inocentes (Homessa! Então este não é um texto sobre blogs?...). Nada inocente, por exemplo, é o fingimento de desinteresse, ou o fingimento de uma atitude acima da mesquinhez que traça a rota terrena do cidadão comum. Causa-me náuseas, NÁUSEAS, ver que alguém que equaciona publicar isto em livro, valendo-se dos privilégios de identidade, escreve no seu blog a incoerência que se segue (porque ele próprio tudo faz para ser notado e para ser citado, para ser a referência entre as referências, aparentemente indiferente, superiormente alheado...): “Tenho também muito pouca curiosidade em saber de quem são os blogues, atitude que não é partilhada por muitos, para quem a identidade do seu autor se sobrepõe a tudo e procuram afanosamente saber quem está por detrás de um pseudónimo.” E outros seguem caminhos parecidos, não iguais (talvez haja diferenças entre boas e más pessoas) mas semelhantes na essência da promoção pessoal, da legítima expectativa dos autores, gritar à boca de uma caverna e ouvir a maior quantidade possível de ecos. É legítimo, pois, mas não deve ser escamoteado para que não se caia no ridículo. Convençamo-nos, porém, de algo muito importante: um autor não é, necessariamente, a pessoa que lhe dá forma; um autor pode significar uma enorme esperança na espécie humana, mas quando temos a oportunidade de contactar a pessoa de pele e osso concluímos que, afinal, a pessoa pode ser desinteressada, sobranceira, pode ignorar instituições que devia respeitar por isto ou por aquilo, pode confundir coisas com pessoas, fazer birra, trepar para um pedestal de areia molhada e pensar que está na firmeza de um bloco de pedra. A pessoa é, afinal, uma pessoa. Podemos ou não gostar dela, mas temos de estar preparados para a eventualidade de o autor que admiramos estar longe da pessoa que idealizamos.

quinta-feira, agosto 14, 2003

Toupráquiquenãoaguento!!!!! 

Podia ter-me dado para pior, mas foi para isto mesmo que deu. Decidi tentar deixar de fumar: dois/três maços por dia é coisa pouco racional e sai do pêlo a um pobre assalariado como eu. Não estou bem disposto, e só quero dizer que, por estes dias, o Cerco do Porto não deve sair da cepa torta. Espero não vir a transformar-me num taliban antitabagista. Se tal acontecer, avisem-me, que vou a correr comprar cigarros.

segunda-feira, agosto 11, 2003

Anatomia de um cronista 

Luís Intestino Delgado é o melhor nome alguma vez criado pela equipa do Contra-Informação.

Casca sobre casca 

Perdemo-nos na salvação que esperamos das palavras, despejamo-las aqui, acolá, pode acontecer que não nos reconheçamos nelas. Tentamos de novo. Reformulamos, repetimos a mesma ideia num tema renovado, orgulhamo-nos de uma frase, deleitamo-nos com uma sonoridade. Lemo-nos e relemo-nos até ao momento em que nos ignoremos. Mas voltamos sempre ao local do crime, à frase, ao texto. Ao ensaio, ao poema, à notícia ou ao romance que um dia destes se aventurará em nós. E rasgamos. O blog não se pode rasgar. Renova-se, reformula-se, casca sobre casca, seiva, tronco, folhagens. Repete-se em aparentes diferenças, em círculos concêntricos que, como nos restos de uma árvore ceifada pelo progresso, marcam a duração da nossa coerência.

Caríssimos Jaquinzinhos, 

Gosto tanto de vos ver no prato como na blogosfera, quanto mais não seja pelas excelentes fotos que me põem roidinho de inveja. Mas não é só pelas fotos, posso garantir. Se eu estava zangado, não estou. Às vezes, certos textos que aqui se escrevem mais não são do que a nostalgia de uma boa polémica queirosiana, passe o evidente abuso.

Um abraço.

Incêndios florestais (adenda) 

A propósito do meu texto sobre incêndios florestais, aí para trás, um daqueles leitores (poucos) que podem fazer reclamações cara a cara fez-me notar que faltava lá, no rol de ministros patéticos relevantes para o caso, o excelso Sevinate Pinto. Evidentemente.

B & B 

Já lá vão 27 anos, mas “Black and Blue” dos The Rolling Stones, continua a ser uma das melhores opções para os dias de calor. Será esta a definição de música clássica?

domingo, agosto 10, 2003

Escrita em dia 

Não, não é a "Escrita em dia" que deixou saudades e está agora reavivada em forma de "Livro aberto". É mesmo a escrita aqui do tasco que tem de ser actualizada, embora sem grande rigor.

Começo por agradecer ao Mata-Mouros, que pela segunda vez honrou este Cerco na sua Revista de Blogues, além de o ter posto na lista de links, classificando-o no grupo dos "Nins". Se ser "Nim" é ser não alinhado (sem qualquer alusão histórica a movimentos exteriores à blogosfera), fico contente. Agradeço ainda mais uma referência simpática do Blog Anónimo e alguns links que vou descobrindo: Via Dupla, Linha de Rumo e Absurdo(.). E faço a saudação de boas vindas que está na ordem do dia ao Glória Fácil, até porque faço parte da mesma corja profissional, como alguns já terão depreendido.

Cuidado com os jornalistas 

Algum imbecil com responsabilidades na Federação Portuguesa de Futebol - os gorilas não pensam, fazem o que os programadores determinam - considerou que, no final do jogo F. C. Porto-União de Leiria, os jornalistas eram indivíduos perigosos. Mal começou a festa, os seguranças impediram repórteres fotográficos e repórteres radiofónicos de se aproximarem dos jogadores. E tiveram aquele gesto boçal, tantas vezes usado até por agentes policiais, de pôr as mãos a tapar as objectivas. A situação resolveu-se através da intervenção directa de Gilberto Madail (ouço isto na TSF), ciente da alarvidade que estava a ser cometida. Depois disso, ninguém foi incapaz de impedir que os adeptos chegassem ao relvado, para a costumeira rebaldaria. Um bom ensaio para o Euro-2004, já se vê.

Não vi 

Mas a rapaziada acabou de ganhar a Supertaça. Por 1-0, o que não é grande coisa, mas conta.

Podem aqui estralejar foguetes virtuais, os únicos admissíveis. O jogo foi no Minho e é melhor não dar força aos tradicionalistas idiotas, que insistem em lançar canas incendiárias para o ar.

sábado, agosto 09, 2003

Algumas considerações sobre incêndios florestais 

Tem razão o Governo quando diz que, este ano, o problema dos incêndios florestais é maior do que nos anteriores. É uma razão politicamente conveniente e, como sempre que a conveniência política está em jogo, eminentemente demagógica. Quando a tragédia serenar, nem que seja no dia em que mais nada haja para arder, é provável que o primeiro-ministro admita que possam debater-se as causas, e poderá então repetir que, este ano, o problema dos incêndios florestais foi maior do que nos anteriores. E que não foi um problema exclusivamente português, que outros países da Europa foram também fustigados, que o Governo fez o que podia e que mais importante do que chorar sobre o leite derramado é prestar assistência aos que tudo perderam. Será um discurso politicamente conveniente, como inconveniente parece ser, politicamente falando, a activação do Plano Nacional de Emergência e Protecção Civil, algo a equacionar quando a calamidade pública for decretada, pelo menos, nos 18 distritos continentais. Não se trata de nenhuma inovação gizada pelo actual primeiro-ministro. Todos têm agido assim, se bem que este tenha um handicap nada despiciendo: a matéria em apreço é gerida pelos mais incompetentes e patéticos ministros da actualidade, Figueiredo Lopes e Amílcar Theias.

Importará, apesar do previsível panorama, reflectir nalguns pontos:

- este ano, o plano de combate a fogos florestais foi lançado para lá de tardiamente, em grande parte devido à atabalhoada e apressada fusão de serviços que resultou no Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil;

- condições climatéricas permitiram que os incêndios aparecessem mais tarde do que o habitual: sucedessem eles um mês antes e não haveria, por exemplo, meios aéreos disponíveis, porque foram tardiamente contratados;

- a história dos kits para os aviões C-130, nem de longe nem de perto os mais apropriados para esta função, mas melhores do que nada e estranhamente nunca usados;

- como tem sido amplamente divulgado, o Governo desinvestiu na prevenção; a ditadura do défice chegou a todo o lado, não haveria razões para que não chegasse aqui;

- há anos e anos que se fala da necessidade de limpar as matas, mas não se disponibilizam os meios nem se exerce fiscalização ou outras formas de obrigar os proprietários florestais;

- os sapadores florestais desapareceram do mapa, para poupar, em vez de se criarem sistemas que permitissem ao Estado partilhar financiamentos com os proprietários de matas;

- sendo necessário, como em quase tudo neste país, apostar numa revolução das mentalidades, erradicaram-se, praticamente, as acções de sensibilização dos jovens nas escolas;

- extinguiu-se a Comissão Nacional Especializada de Fogos Florestais, deixando de haver um interlocutor para as autarquias e uma entidade que supervisionasse a atribuição de verbas para prevenção e infra-estruturas (reconstruir estradas florestais pelas quais os carros de bombeiros não passam, criar pontos de água, etc.);

- todos os (muitos) trabalhos de manutenção que necessitam de ser feitos, de ano para ano, tiveram de ir sendo assumidos pelo poder local, mesmo não havendo verbas para isso orçamentadas, uma vez que tal competiria à Administração Central;

- este ano, pela forma como choveu, soube-se desde sempre (e não faltou quem o afirmasse publicamente) que haveria um crescimento desmesurado da vegetação rasteira, que, em secando, viria a tornar-se imparável rastilho;

- face ao atraso (cerca de três meses) na elaboração do plano de combate aos fogos, os bombeiros voluntários não puderam fazer escalas de serviço e marcar férias em função desse escalonamento (é assim que funciona este país), pelo que muitos estão agora em período activo quando seriam necessários, havendo frequentes casos em que não são dispensados pelos respectivos empregadores (apesar disto, o Governo insiste em que nunca houve tantos homens mobilizados);

- alteraram-se, por alterar, as cadeias de comando, e o resultado está à vista: contestação permanente, no seio dos bombeiros, a par do combate aos incêndios;

- a Direcção-Geral das Florestas preveniu muito pouco e tem falhado, manifestamente, no cadastro dos fogos florestais; não se sabe o que arde nem quanto arde;


Enumeradas de cor, estas são, apenas, algumas das circunstâncias que marcaram a abordagem do Verão pelos que, supostamente, devem cuidar da floresta. Quando isto acabar, outras realidades serão conhecidas, como todos os anos sucede. Chega a hora de debater, debate-se e fica-se na mesma. A saber, entre tantas outras coisas:

- concluir-se-á, novamente, que os grandes incêndios foram responsáveis pela maior parte da área ardida (suponhamos que ardem 300 mil hectares devido a 500 incêndios, e 30 dessas ocorrências resultaram na devastação de 260 mil hectares); é sempre assim, e isso não significa mais do que deficiências graves no combate às chamas; antes de ser grande incêndio, um incêndio é sempre pequeno (começa com um fósforo, com uma ponta de cigarro, com uma fogueira, com um cocktail-molotov...) e, portanto, fácil de apagar; como falham a detecção de fogos e os mecanismos de acção rápida, as situações tornam-se incontroláveis;

- alguém se lembrará de dizer, eventualmente (e com toda a razão), que algo como 90% dos incêndios é de natureza criminosa, o que não significa necessariamente que exista dolo; fazer uma queimada e provocar um incêndio é crime, lançar um foguete sem cumprir as normas e provocar um incêndio é crime, lançar uma ponta de cigarro acesa e provocar um incêndio é crime... às vezes, usa-se a palavra negligência para distinguir os “acidentes” dos comportamentos intencionais (resultantes ou não de piromania, sendo estes os menos expressivos casos de fogo posto), mas essa distinção apenas serve para desculpabilizar: provocar um incêndio florestal é crime, fazer uma queimada ilegal, inconsequente, é uma contra-ordenação; só que, como não se investiga convenientemente (alguém se aperceberá que as brigadas de investigação criminal da GNR não percebem muito do assunto) e não se levam os culpados a tribunal, a ideia de impunidade persistirá;

- alguém voltará a fazer notar que se deu importância excessiva à questão dos meios aéreos, que dão nas vistas e funcionam bem televisivamente, mas apenas fazem sentido se rapidamente utilizados, antes de um incêndio assumir grandes proporções; quando tal não se consegue evitar, é em terra que se faz, realmente, o combate às chamas; o alívio provocado por uma descarga de água é efémero e muitas vezes inconsequente, algo que não sucederia se as descargas fossem sucessivas e pouco intervaladas, o que é impossível, atendendo aos meios e infra-estruturas disponíveis;

- haverá, oficialmente, defensores das matas de monocultura, uma aberração intelectual e ambiental cuja explicação poderá, eventualmente, passar pela circunstância de o actual director-geral das Florestas ter sido, até assumir o cargo, importante quadro de um grande grupo produtor de pasta de papel.


Tanto haverá a concluir, como tanto foi concluído nos anos anteriores e nada foi feito. É, por tudo isto, aviltante ouvir o ministro Figueiredo Lopes a dizer que terá de se mudar a atitude perante os incêndios, designadamente em matéria preventiva, quando ele próprio leva quase ano e meio de inoperância no cargo. É, por tudo isto, incomodativo ouvir os sucessivos disparates de Amílcar Theias, o mais inexistente de todos os ministros deste Governo. Como é repugnante o que disse, a propósito dos mortos, o deputado Guilherme Silva, fraca escolha para líder parlamentar de um partido com as responsabilidades e a essência democrática que o PSD afinal tem. Uma escolha condicionada, enfim, por outras coisas que, neste país de terra e mar, um pouco mais para sudoeste, não fazem sentido mas continuam e continuarão a dar festivais de boçalidade no meio dos bananais.

terça-feira, agosto 05, 2003

Gazeta dos Blogues 

Agora que existe uma crítica de blogs alicerçada na autoridade do papel impresso, é natural que se olhe para ela, mesmo que inadequadamente enquadrada no suplemento "Fugas de Verão" do Público (não faço o link, porque não descobri a coluna em causa na edição online). Falando do Estudos Sobre o Comunismo, do Guerra Civil Espanhola e do Companhia de Moçambique, a autora destina-os aos "que já não têm paciência para doses maciças de umbiguismo e para discursos de bloguistas idólatras". Apraz-me dizer que, por muito válidos e interessantes que sejam, os referidos espaços monotemáticos são menos weblogs do que outros. Porque um blog é, na sua essência, um diário, não uma base de dados para aplicação científica. Pode, evidentemente, ser uma coisa ou outra. Pode ser algo completamente diferente. Ser umbiguista não é particularmente bonito, mas aproxima-se muito mais do significado dos blogs, que é a individualidade. E que mal tem isso?

segunda-feira, agosto 04, 2003

Lição de contracapa 

O "post n.º 082" do Textos de Contracapa é muito, mas muito mais importante do que possa parecer. A propósito do agradecimento da Câmara de Lisboa a Machado de Assis, fazendo da Dom Quixote intermediária, fala dos comentários que recebeu e do que leu nos jornais, ou na blogosfera, dizendo: "Afinal tratava-se apenas de uma história divertida, igual a tantas outras, quando se tem algum sentido de humor".

Isso deve fazer-nos reflectir um pouco antes de termos opiniões demolidoras sobre tudo. Aqui, na blogosfera, onde, por vezes, elas nem se pensam. A febre de ser sério, ou de ser levado a sério, pode levar-nos a esquecer algo muito mais importante, que é ser bem disposto.

Mundo perdido 

Vou comprar cigarros e espreito as revistas dispostas sobre o balcão. Numa das cor de rosa, creio que a "VIP", transborda da capa uma foto de Pinto da Costa com a companheira, de férias no Brasil. Agarrados à borda da piscina, ela tenta olhar sensualmente para a objectiva, ele mostra a peitaça. Salomé, Messalina, Cleópatra... Como raio me lembrei destas ao ver uma tal de Carolina Salgado? Lá se vai a mística do dragão. Ou não? Estarei enganado?

Vitória esmagadora 

Na Coreia do Norte, Kim Jong-Il foi reeleito com 100% dos votos. Será que os tiranos se divertem com estas palhaçadas?

Fazer política 

Quando diz desejar que não se faça política com a tragédia das pessoas, Durão Barroso está a fazer política com a tragédia das pessoas.

domingo, agosto 03, 2003

Efeméride 

Cumpre o Cerco do Porto um mês de existência. Ter um blog é, pelo menos, mergulhar de cabeça num novo mundo. Exprimir preocupações, partilhar gostos, alimentar polémicas e beber delas os ensinamentos que outros nos transmitem. É participar, com ou sem utilidade, numa nova dimensão colectiva, dar voz aos impulsos, libertar as angústias antes que elas nos minem por dentro. Ou não é nada disso. Teorizar sobre a matéria é, às tantas, uma perda de tempo. Um blog é, acima de tudo, divertido. Cerco do Porto não significa estar fechado entre quatro paredes, escudado num regionalismo sem tréguas. É mera alusão a um período histórico importante. Como importantes podem, ou não, ser as questões relacionadas com a afirmação da cidade. E divertidas, também, mesmo que não exista aqui um estatuto editorial que faça deste espaço uma voz levantada contra o capital de poder da capital. Mas isto é tudo conversa da treta. O que eu quero, mesmo, é deixar um grande abraço a todos os que por cá vão passando, agradecendo por darem sentido à manutenção do blog. Se fosse para ninguém ler, ficava-me pelos caderninhos de merceeiro comprados na Papelaria Fernandes. E, já agora, estão à vontade para dizer bem ou para dizer mal. E cá vai um presente para serenar os espíritos. Vemo-nos por aqui.

sexta-feira, agosto 01, 2003

Maria Elisa 

Era o que me faltava vir para aqui defender a Maria Elisa. Ainda se ela fosse a primeira dama, dragonisticamente falando... Mas, como já vi em vários blogs referências à possibilidade de a suspensão de mandato que pediu, na AR, mais não ser do que um expediente fraudulento, devo recordar que a deputada eleita por Castelo Branco é um dos rostos em Portugal da fibromialgia, doença que não desejo a nenhum dos que a condenam sem tentarem aprofundar os factos.

Anonimato 

O que é o anonimato? Uma fuga à responsabilidade? Pressuporia isso que um nome nos responsabiliza, mas essa não será uma asserção muito válida. Nada nos torna mais responsáveis do que a consciência. Esta, sim, faz-nos prezar a integridade associada ao nosso nome. O nome, em si, poderia ser outro qualquer. Ser anónimo, até nisto dos blogs, pode significar a tentativa de preservação de uma certa integridade, uma forma de evitar que outros nos manchem o nome por desdém, por raiva, por ressaibo. Dizer o que se pensa, no mundo real, onde pessoas reais movem influências reais, às vezes movidas por mesquinhez, pode ser um risco, mas dizer o que não se pensa ultrapassa desde logo os limites do risco, tornando-se a autocondenação da tal integridade. Enquanto espaços de liberdade e de impulsividade, os blogs podem ser assumidos, anónimos, pretos, brancos ou rosados com pintinhas amarelas. A consciência, esteio da responsabilidade, tem a cor da coerência e a forma dos princípios, estando ou não associada a nomes. Pela parte que me toca, vou ficando por uma espécie de semianonimato. As iniciais que aqui aparecem são as minhas, e em caso algum, se a questão se colocar, negarei que sou eu. Às ideias, boas ou rançosas, um nome pouco acrescenta, à parte o intenso tempero do preconceito.

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