domingo, maio 02, 2004
NOVA MORADA
O Cerco do Porto acabou mesmo. Em rigor, não devia escrever esta nota, mas só quero avisar os que ainda aqui possam aparecer e que, porventura, ainda não saibam, que estou a residir numa nova moradia blogosférica, a Fonte das Virtudes.
quarta-feira, março 17, 2004
KONIEK
A agonia está a ser lenta, patética. Mantendo, com menor regularidade, as deambulações pelo luso matagal de blogues (tem graça, é a primeira vez que escrevo à portuguesa), vou vendo que os links para o Cerco do Porto, noutros tempos saídos da generosidade de muitos blogueiros, vão desaparecendo. A data do texto anterior, tantos de Janeiro, mostra que, realmente, as tarefas deste teclado não têm passado por aqui. Opiniões, tenho-as, temo-las todos. Mas deixei de as depejar neste canto. Umas vezes por falta de tempo, muitas mais por falta de pachorra, sempre por culpa própria.
Tenho-me concentrado noutras solicitações, mas não é só por isso que o fulgor inicial se foi desvanecendo. Também não saberei porquê, ou, melhor dizendo, não reflecti muito sobre o assunto. Em boa verdade, nunca fiz qualquer declaração pública de que isto iria durar. Isto é só para quando nos apetece. A precariedade do suporte digital, ou virtual, é razão mais do que suficiente para não levar estas coisas muito a sério, mesmo quando estamos habituados a precariedades mais tradicionais. Ora, como já terão compreendido, neste momento não há qualquer razão para continuar o blogue.
Agradeço, portanto, a todos os que têm continuado a passar por aqui, vendo a proliferação das teias de aranha, mas também aos que já deixaram de passar e, num passado distante (o tempo da blogosfera é uma coisa estranha), deram ao Cerco do Porto palavras amigas e de incentivo. Agradeço, até, aos que me brindaram com cretinices, pois permitiram-me, aqui e ali, exercitar, em versão futurista, o salutar hábito das polémicas epistolares.
Cerco do Porto acabou, Cerco do Porto não continua. Não descarto a possibilidade de voltar, um dia, estando para aí virado. Fá-lo-ei por outra porta. Esta continua aberta, à mercê dos interessados em arqueologia blogosférica, mas fecha-se para mim.
Tenho-me concentrado noutras solicitações, mas não é só por isso que o fulgor inicial se foi desvanecendo. Também não saberei porquê, ou, melhor dizendo, não reflecti muito sobre o assunto. Em boa verdade, nunca fiz qualquer declaração pública de que isto iria durar. Isto é só para quando nos apetece. A precariedade do suporte digital, ou virtual, é razão mais do que suficiente para não levar estas coisas muito a sério, mesmo quando estamos habituados a precariedades mais tradicionais. Ora, como já terão compreendido, neste momento não há qualquer razão para continuar o blogue.
Agradeço, portanto, a todos os que têm continuado a passar por aqui, vendo a proliferação das teias de aranha, mas também aos que já deixaram de passar e, num passado distante (o tempo da blogosfera é uma coisa estranha), deram ao Cerco do Porto palavras amigas e de incentivo. Agradeço, até, aos que me brindaram com cretinices, pois permitiram-me, aqui e ali, exercitar, em versão futurista, o salutar hábito das polémicas epistolares.
Cerco do Porto acabou, Cerco do Porto não continua. Não descarto a possibilidade de voltar, um dia, estando para aí virado. Fá-lo-ei por outra porta. Esta continua aberta, à mercê dos interessados em arqueologia blogosférica, mas fecha-se para mim.
terça-feira, janeiro 06, 2004
É segredo! Schhhhhhhhhhh!...
Olha, olha! Afinal ainda aqui ando!...
Só para sugerir, em face de tanto ruído patético que por aí anda, impulsionado pela voz que deveria unir este todo lusitano que melancolicamente somos, que se dirijam a este local e vasculhem a legislação, para concluirem, de uma vez por todas, que os jornalistas não estão obrigados ao segredo de Justiça. Podem, também, ler o Código Deontológico, para que concluam, em rigor, quando é ou não respeitado. E façam o favor de ler nas notícias, antes de mais nada, o que nelas está escrito.
Depois, se realmente vos preocupa este lodaçal em que vamos andando, se acham que os culpados de violação do segredo de Justiça devem ser encontrados e punidos, aconselho que comecem por fazer a mais simples de todas as perguntas: "A quem é que isto aproveita?"
Concretizem, se quiserem: "A quem é que aproveita este vendaval de acusações, inverosímeis e absurdas, pelo exagero de apontarem todas para o mesmo barco?"
Especulando, erra-se e acerta-se. A resposta que encontrem deve ficar guardada nas cabecinhas. Isto é só para que as ditas façam alguma ginástica. Não bastam as palavras cruzadas nem responder às perguntas do "Quem quer ser milionário".
E agora, com o atraso que se vê, desejo um excelente 2004 a toda a blogosfera: desejo ingénuo, já que o nosso patamar de evolução tarda a atingir o ponto em que a excelência de uns não implique a decadência imposta a outros.
Só para sugerir, em face de tanto ruído patético que por aí anda, impulsionado pela voz que deveria unir este todo lusitano que melancolicamente somos, que se dirijam a este local e vasculhem a legislação, para concluirem, de uma vez por todas, que os jornalistas não estão obrigados ao segredo de Justiça. Podem, também, ler o Código Deontológico, para que concluam, em rigor, quando é ou não respeitado. E façam o favor de ler nas notícias, antes de mais nada, o que nelas está escrito.
Depois, se realmente vos preocupa este lodaçal em que vamos andando, se acham que os culpados de violação do segredo de Justiça devem ser encontrados e punidos, aconselho que comecem por fazer a mais simples de todas as perguntas: "A quem é que isto aproveita?"
Concretizem, se quiserem: "A quem é que aproveita este vendaval de acusações, inverosímeis e absurdas, pelo exagero de apontarem todas para o mesmo barco?"
Especulando, erra-se e acerta-se. A resposta que encontrem deve ficar guardada nas cabecinhas. Isto é só para que as ditas façam alguma ginástica. Não bastam as palavras cruzadas nem responder às perguntas do "Quem quer ser milionário".
E agora, com o atraso que se vê, desejo um excelente 2004 a toda a blogosfera: desejo ingénuo, já que o nosso patamar de evolução tarda a atingir o ponto em que a excelência de uns não implique a decadência imposta a outros.
quarta-feira, dezembro 24, 2003
Merry Christmas
Da hipocrisia sazonal ao consumismo induzido através de apuradíssimas técnicas, quantas vezes a raiar o criminoso, já tudo se disse, tudo se vai repetindo. A essência do Natal, data assumidamente escolhida (inventada) para associar uma significância religiosa a épocas de festividade pagã, não me desagrada em absoluto, mas estou pouco para aí virado. O Natal continua a ser bom para as crianças (muito poucas), e não encontro as amarras que me ligam à infância. Aproveito, claro está, para comer e, essencialmente, para beber. Não para esquecer, claro. É mesmo para ficar bêbado e imaginar que há um mundo decente do outro lado do espelho.
domingo, dezembro 14, 2003
They got him
Diz o porta-voz do CDS-PP que, com a captura de Saddam, "o mundo ficou indiscutivelmente mais seguro". É ou não é um disparate pegado?
Há jornalistas que aplaudem, aos saltos, o anúncio de Paul Bremer: "We got him". É ou não é uma atitude vergonhosa? É ou não é uma negação da deontologia?
O Valete Fratres! [é a primeira vez que eu cito este blog (?), e hesitei muito] não estava presente para deitar os foguetes da sua cegueira pró-republicana (no sentido americano). É ou não é uma incompetência?
Os restantes blogs reaças andam num sino, confundindo as respectivas ideias com as do porta-voz do CDS-PP. É ou não é patético?
A Ordem dos Médicos Dentistas ainda não se pronunciou sobre as imagens, repetidamente mostradas, da inspecção à cavidade bocal do tirano. É ou não é alijamento das responsabilidades?
Há jornalistas que aplaudem, aos saltos, o anúncio de Paul Bremer: "We got him". É ou não é uma atitude vergonhosa? É ou não é uma negação da deontologia?
O Valete Fratres! [é a primeira vez que eu cito este blog (?), e hesitei muito] não estava presente para deitar os foguetes da sua cegueira pró-republicana (no sentido americano). É ou não é uma incompetência?
Os restantes blogs reaças andam num sino, confundindo as respectivas ideias com as do porta-voz do CDS-PP. É ou não é patético?
A Ordem dos Médicos Dentistas ainda não se pronunciou sobre as imagens, repetidamente mostradas, da inspecção à cavidade bocal do tirano. É ou não é alijamento das responsabilidades?
segunda-feira, dezembro 08, 2003
Foot in mouth
A isto acrescento, no mesmo contexto, a frase que ficou em segundo lugar, saída da boca austro-americana de Arnold Schwarzenegger, que tem em mãos o governo da sexta maior economia do Mundo: "I think that gay marriage is something that should be between a man and a woman".
domingo, novembro 16, 2003
Atento às oportunidades
Sempre atento, o Terras do Nunca deu pelo meu regresso e disso deu conta ao mundo. Mas aqui vou eu, de novo, estar ausente algum tempo. Como o pistoleiro George W. vai estar no Reino Unido (a primeira visita oficial de um presidente americano), pareceu-me uma boa oportunidade para ir aos States. E lá levanto o cerco mais uma vez.
sábado, novembro 15, 2003
Paisagem
Já repararam que as Terras do Nunca estão mais airosas?
O teste...
...feito à pressa, foi um rotundo fracasso! Tive 9%, ou seja, não atingi os almejados 0%. Esperemos outros amanhãs e, enquanto isso, descrevamos os resultados:
Socialismo - 19
Keynes - 4
Escola austríaca - 1 (shame on me)
P.S. Cá estou eu a meter-me com os mouricidas (pois, procurei as respostas certas, mas fui traído pela correria - 10 segundos por pergunta...); e eles que são todos portistas... não tenho emenda!
Socialismo - 19
Keynes - 4
Escola austríaca - 1 (shame on me)
P.S. Cá estou eu a meter-me com os mouricidas (pois, procurei as respostas certas, mas fui traído pela correria - 10 segundos por pergunta...); e eles que são todos portistas... não tenho emenda!
Quem é este Scolari?
A propósito do nefando Scolari, que, até agora, ainda não pediu desculpa, publicamente, a todos os portugueses (isto não diz só respeito aos portuenses), o Cerco do Porto recolhe, nos bafientos arquivos da Internet, um texto (de fonte credível) que ajuda a conhecer o homem em quem Gilberto deposita as esperanças (talvez poucas) e os euros (definitivamente, muitos).
Scolari elogia ex-ditador chileno preso na Inglaterra
18h35 - 29/10/98
Agência Folha
Em São Paulo
O técnico Luiz Felipe Scolari, do Palmeiras, conhecido por seu jeito autoritário, elogiou o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, preso em Londres, na Inglaterra.
Em entrevista à "Rádio Jovem Pan", de São Paulo, Scolari disse que "Pinochet fez muita coisa boa também". "Ajeitou muitas coisas lá (no Chile). O pessoal estava meio desajeitado. Ele pode ter feito uma ou outra retaliaçãozinha aqui e ali, mas fez muito mais do que não fez", afirmou o treinador.
Sobre os métodos do ex-ditador chileno, que resultaram em tortura e morte de milhares de pessoas, Scolari disse que "há determinados momentos que ou o pessoal se ajeita ou a anarquia toma conta".
O treinador afirmou ontem que não tem mais "saco em dar entrevistas". Acusando a imprensa de tentar derrubá-lo do cargo, Scolari ameaçou não deixar os jornalistas entrarem mais na Academia, onde o Palmeiras treina.
O técnico, que já agrediu um jornalista durante o Paulista-98, não concordou com a veiculação da notícia de que ele havia retirado o atacante Paulo Nunes do treino de ontem. "Vocês (jornalistas) estão querendo criar confusão. Mas vou continuar conquistando títulos. Com ou sem vocês."
Scolari elogia ex-ditador chileno preso na Inglaterra
18h35 - 29/10/98
Agência Folha
Em São Paulo
O técnico Luiz Felipe Scolari, do Palmeiras, conhecido por seu jeito autoritário, elogiou o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, preso em Londres, na Inglaterra.
Em entrevista à "Rádio Jovem Pan", de São Paulo, Scolari disse que "Pinochet fez muita coisa boa também". "Ajeitou muitas coisas lá (no Chile). O pessoal estava meio desajeitado. Ele pode ter feito uma ou outra retaliaçãozinha aqui e ali, mas fez muito mais do que não fez", afirmou o treinador.
Sobre os métodos do ex-ditador chileno, que resultaram em tortura e morte de milhares de pessoas, Scolari disse que "há determinados momentos que ou o pessoal se ajeita ou a anarquia toma conta".
O treinador afirmou ontem que não tem mais "saco em dar entrevistas". Acusando a imprensa de tentar derrubá-lo do cargo, Scolari ameaçou não deixar os jornalistas entrarem mais na Academia, onde o Palmeiras treina.
O técnico, que já agrediu um jornalista durante o Paulista-98, não concordou com a veiculação da notícia de que ele havia retirado o atacante Paulo Nunes do treino de ontem. "Vocês (jornalistas) estão querendo criar confusão. Mas vou continuar conquistando títulos. Com ou sem vocês."
Ainda o tan tan, sobre o qual li primeiro aqui
... e esquecia-me eu do Karl Bohm, com quem conheci o Tan tan tantan!... Mas para que estou para aqui a delirar, quando o Tan tan tantan, afinal, talvez seja uma coisa completamente diferente da que me veio à cabeça?
O que para aí vai de tantans
Do Tan tan tantan, tan tan tantan, tan tan tantaaaan..., prefiro as interpretações de Herbert von Karajan, como é politicamente correcto dizer-se, mas também tenho uma grande ternura pelas de Claudio Abbado.
sexta-feira, novembro 14, 2003
Para o Brasil, a toque de caixa!
Hoje, em conferência de Imprensa, foi feita a Luís Felipe Scolari uma pergunta sobre Vítor Baía. Nem interessa que a pergunta seja pertinente, já que o guarda-redes do F.C. Porto é, presentemente, aquele que está em melhor forma, entre as escolhas possíveis para a selecção nacional. A isso, estamos habituados, com isso podemos bem. Não importa.
O problema é bem mais sério. Ouvindo a pergunta incómoda, Scolari perguntou ao repórter que a formulara se era do Porto. Confrontado com a resposta - "sou de Lisboa" -, o energúmeno reagiu com um boçal "Graças a Deus!".
Por favor, pensem todos no que isto significa, na profunda ofensa que tal graçola imbecil constitui. E digam lá se não é de recambiar o aleivoso, imediatamente, para Jacarepaguá!...
O problema é bem mais sério. Ouvindo a pergunta incómoda, Scolari perguntou ao repórter que a formulara se era do Porto. Confrontado com a resposta - "sou de Lisboa" -, o energúmeno reagiu com um boçal "Graças a Deus!".
Por favor, pensem todos no que isto significa, na profunda ofensa que tal graçola imbecil constitui. E digam lá se não é de recambiar o aleivoso, imediatamente, para Jacarepaguá!...
quarta-feira, novembro 05, 2003
Provocaçãozeca
Com o olhar deambulando pelas lombadas visíveis na secção de História de uma livraria, salta-me aos olhos o título "É difícil ser liberal em Portugal", que, como muitos saberão, é da autoria do nosso caríssimo mouricida CAA, a quem agradeço desde já mais um prémio. Está demonstrado, pois, o lugar do Liberalismo.
quarta-feira, outubro 29, 2003
Víboras a salivar
Queiram ou não, compreendam ou não, o futebol é um assunto tão sério como a Casa Pia, o segredo de Justiça ou as demissões de ministros. É muito mais sério do que uma eventual candidatura de Pedro Santana Lopes à Presidência da República (por uma razão simples: gosto de sorrir com as coisas sérias - na justa dose e quando se justifica, não sou propriamente patarata - e essa perspectiva não me dá vontade nenhuma de o fazer). Claro que isso da seriedade é tremendamente subjectivo, e a gravidade de certas questões que usei como termo de comparação coloca-as num patamar diferente das futeboladas. Quando digo que o futebol é coisa séria, digo que é importante, muito importante. Por isso, ando zangado com a sanha antiportista que veste de vermelho e aos remendos pretos e brancos, já para não falar das alusões ao "sistema" de verde e branco vestidas, agora menos frequentes. Ando muito zangado, pois, com um tal de Paraty [não sei porquê (convoquem os psicanalistas!), sem desrespeito pela classe, o nome sugere-me vendedor ambulante de sapatos, ou chuteiras], cuja actuação deplorável (pouco inocente, na aparência) permitiu que o Boavista-F.C. Porto se transformasse numa espécie de Batalha dos Atoleiros. Depois dos acontecimentos que me inibo de comentar detalhadamente (a expulsão de Deco por este ter sofrido uma falta que o descalçou), as víboras, à espreita, começaram de imediato a salivar. Algum nervosismo (e muito desalento) fez com que o jogador lançasse a bota, sem qualquer violência e esta eventualmente tenha tocado no árbitro (quando o fez com força, foi para o chão e na direcção contrária). Não é bonito que os jogadores reajam assim, são profissionais, patati, patatá. Mas não queiramos incutir na sociedade civil padrões de comportamento típicos das instituições militares, compreensíveis apenas para os que as integram. Se o árbitro, cuja autoridade não contesto, faz uma burrada como a que fez Paraty, é natural que os jogadores se aborreçam e de alguma forma o manifestem, desde que não recorram à violência verbal (frequente) ou física (vide PINTO, João Vieira). Ora, o gesto da chuteira foi absolutamente inofensivo e (vejam as imagens de olhinhos abertos), creio eu, mais marcado pelo desconsolo do que pela agressividade. Por tal, quando se põem para aí a falar na possibilidade de meses ou anos de castigo, fico muito, muito, muito irritado. Querem, à força toda, construir um sistema que os favoreça, já que não vão lá inventando, aos berros, um outro que alegadamente os prejudica. O futebol é importante porque toca (muit)as pessoas profundamente, porque as enche de uma paixão sanguínea, visceral. Os que não conseguem ganhar jogando [já reconhecem todos, publicamente, que o F.C. Porto é (eles dizem "está") superior], andam agora a criar esquemas ilegítimos para pôr fim ao desequilíbrio. Andam desesperados. E há exemplos. Há tempos, em Lisboa, um conhecido meu jantava num restaurante muito frequentado por benfiquistas de alta patente (seja isso o que for) e lá esteve perto de um grupo de gente conhecida. Ao que me contou, um deles era Bagão Félix, já ministro, que, dando murros na mesa, vociferava: "O problema não é eles ganharem. O problema é os nossos filhos já serem portistas!...".
segunda-feira, outubro 27, 2003
Olhares erectos
Surpreendo, de passagem, parte de um diálogo entre duas jovens universitárias, em momento de partilha de segredos sentimentais. Diz uma, com audível dose de desconsolo na entoação: "Para já, ainda não passámos de olhares fálicos". Compreendo rapidamente a metáfora. A moça queria dizer olhares penetrantes.
sábado, outubro 25, 2003
Rapidinha de reencaminhamento
Motivos e solicitações várias têm feito com que eu descure a manutenção deste blog (não é desistência nenhuma), pelo que peço desculpa aos eventuais leitores. E esta fracção de segundo que aqui estou a gastar destina-se, apenas, a reencaminhar-vos para outro sítio. Atendendo à fantochada a que se está a assistir (e a outras, claro), vale a pena ler este texto.
domingo, outubro 19, 2003
Sessão de esclarecimento
Às vezes, é preciso repetir, especialmente quando duvidamos que nos tenham entendido. A frase "tou-me cagando para o segredo de justiça" não me aquenta nem arrefenta, até porque sou um gajo do Porto, onde, como saberão, é religiosamente respeitada a faceta obscura do léxico. Agora, creio certo que, quando se exige aos titulares de cargos públicos que, além de sê-lo, tenham de parecê-lo (há aqui muito de hipocrisia, pois há), o mesmo deve ser feito em relação aos líderes de partidos políticos, supostamente constituídos em alternativa de governo. Quando eu digo que talvez Ferro devesse bater com a porta, digo-o porque me parece difícil que se livre do ferrão que agora o fere, auto-infligido com a colaboração da voracidade mediática. Digo-o porque me cansa o choradinho das cabalas, mesmo parecendo óbvio - muitas vezes - que é verdadeiro. Mas defendo, sem hesitar, que o PS deve continuar (?) a orientar-se, até onde consiga, para a esquerda, demarcando-me em absoluto da tendência dominante na blogosfera. É curioso, por exemplo, lembrar que, na semana que passou, a RTP, ao publicitar a entrevista ao cardeal-patriarca de Lisboa, chamasse a atenção para o documento episcopal que enumera os "sete pecados sociais" (um documento justo e pertinente, diga-se), questionando depois: "Estará a Igreja a virar à Esquerda?".
Não, não sou de Direita.
Não, não sou de Direita.
sábado, outubro 18, 2003
Poesia de fina água dos Super Dragões, no rescaldo do Belenenses, 1-F. C. PORTO, 4
Versão corrigida
É o número dez
Finta com os dois pés
É melhor que o Pelé
É o Deco, allez, allez
(tinha esquecido que o Deco é melhor que o Pelé; ou seja, estava a ser incompetente na minha cegueira de fanático)
É o número dez
Finta com os dois pés
É melhor que o Pelé
É o Deco, allez, allez
(tinha esquecido que o Deco é melhor que o Pelé; ou seja, estava a ser incompetente na minha cegueira de fanático)
Defecando
Hoje, tou-me cagando para esta coisa da política. Estaria preocupado, isso sim, se o Belenenses-F.C. Porto fosse uma hora mais cedo e, eventualmente, a RTP interrompesse a transmissão por causa de uma conferência de Imprensa qualquer em prime-time, exterior filmado para as bandas do Largo do Rato, por exemplo. Tou-me cagando, porque o nosso nível de habituação à palhaçada pública atingiu um grau tão elevado que resulta, inevitavelmente, em desinteresse. A situação, patética, tem muitas leituras. Só quem sofre de prisão de ventre crónica nunca cagou, mas, por outro lado, é para lá de improvável que tenha sobrevivido. Só quem tenha nascido e vivido num convento, ou meio familiar similar é que é incapaz (ou talvez não) de dizer, em conversa com um amigo, ou correligionário, "tou-me cagando para o segredo de Justiça", tal como o poderia fazer para a Direcção-Geral das Contribuições e Impostos, o Movimento Democrático das Mulheres ou a Santa Madre Igreja. A frase até pode ser, no devido contexto, absolutamente inócua. Mas, se um ministro cai por contar uma anedota sobre a morte de insuficientes renais em Évora, também um líder partidário pouco tem onde se segurar depois de dizer que caga, ou cagou, num momento específico e sob purgantes circunstâncias, para o segredo de Justiça. Porém, a palhaçada começa, justamente, na divulgação das escutas telefónicas, supostamente arrumadinhas e guardadinhas sob o tal sacrossanto segredo (o de Justiça, não o de Fátima), divulgação essa feita (suponho eu, supomos todos) com claros objectivos estratégicos, de tal forma a grandeza de princípios parece afastada do exercício da política (claro que as suposições implicam a possibilidade de erro...). É triste que sucedam coisas destas. Poderá mesmo ser uma perfeita injustiça. Mas Ferro Rodrigues e o PS podem prejudicar-se, seriamente, se voltarem a optar pelo discurso da vitimização e da cabala. Quando houver eleições, toda a gente se lembrará que aquele senhor defecou em pleno segredo de Justiça, hesitando na hora de fazer a cruzinha. Para mais, haverá sempre quem tenha a preocupação de avivar a memória dos cidadãos. Aprendam os senhores políticos, portanto, que, quando se é desbocado, nem sempre é suficiente tapar a boca com uma rolha, pois os problemas podem, também, desaguar na outra extremidade do aparelho digestivo. É pena que aconteçam estas coisas. Não gosto de dizer que este é um país de merda, mas é verdade que vai tendo uma vida pública bastante merdosa. Ao secretário-geral do PS (pelo menos), mas valia dar a tal conferência de Imprensa em prime-time, para dizer que dava a vaga. Mas que interessa isso? Hoje, tou-me cagando. Quero é que o Porto ganhe.
quarta-feira, outubro 15, 2003
Álvaro de Campos não sabe blogar
O que há em mim é sobretudo cansaço
E por aqui fica, hoje, o Cerco do Porto. Amanhã, assegura o Instituto de Meteorologia, o Sol voltará a nascer.
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
E por aqui fica, hoje, o Cerco do Porto. Amanhã, assegura o Instituto de Meteorologia, o Sol voltará a nascer.
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
terça-feira, outubro 14, 2003
Tempo
Como é possível que uma revista que faz uma reportagem tão ridícula seja tão prestigiada? Menos comentários ainda merece a euforia em Portugal a respeito do assunto. Há assim tanta falta de notícias para que se dê tamanho relevo a um trabalho jornalístico medíocre?
Mulheres de Timor
Sem mais, recomendo que vão vendo as fotos do João Paulo Coutinho.
Nós, o Estado
“O Estado não tem dinheiro; o dinheiro é dos portugueses!”
Ouvida ontem, num debate televisivo, a afirmação de um homem que se apresentou na qualidade de pai, de pai de uma estudante do Ensino Superior, é paradigma dos equívocos em que a sociedade (portuguesa? ocidental? filo-americana?...) mergulhou. Equívocos gerados pelo individualismo, pelo instinto animal de sobrevivência que este mundo competitivo incute em tanta gente, aniquilando antes da nascença qualquer possibilidade de vivência solidária.
Ora, se eu sou português, devo concluir que o dinheiro é meu e, mais do que deixar imediatamente de pagar impostos, exigirei com todo o vigor que o Orçamento de Estado contemple um subsídio pessoal a depositar na minha conta bancária, pelo que de imediato enviarei o NIB à ministra das Finanças. Antes fosse!, sussurro aos ouvidos dos botões, mas obrigo-me, sem esforço, a reconhecer que o tal dinheiro é de todos nós, embora na mão do Estado, que, como já aqui escrevi, mais não é do que a forma de nos constituirmos enquanto um todo de interesses e vivências comuns. Ou, nas palavras de José Barata Moura, reitor da Universidade de Lisboa: “O Estado é a comunidade politicamente organizada”.
Vem isto, como já poderão ter imaginado (não sem esforço), a propósito da questão das propinas. E justifica-se perante o princípio de que esse todo que nos enforma (que nós enformamos) existe para promover bem-estar e não para estar bem, para estar aliviado. Ou seja, por mais demonstrada que esteja a inevitabilidade de o Estado-providência ser um entrave ao desenvolvimento, o Estado não pode remeter-se ao confortavelmente ligeiro papel de entidade reguladora de partes que levem a cabo as obrigações do todo. Quer isso dizer que, sendo a qualificação dos portugueses prerrogativa do desenvolvimento, particularmente na realidade da Europa e do alargamento da União, o Estado deve assumir papel de relevo como entidade promotora dessa qualificação. Tal implica promover, directamente, e não apenas facilitar a promoção. Coisas similares, em tese, dada a coincidência do objectivo, mas diametralmente opostas.
É razoável pensar, reconheço, que o ensino, como qualquer serviço a que os cidadãos acedam, tenha um custo. Até o acesso à Saúde (ao Serviço Nacional de Saúde) implica o pagamento de taxas moderadoras. Porém, no caso das universidades e dos politécnicos, está muito mal esclarecido se o que se paga é o serviço ou a mera gestão corrente das instituições. Se o estudante está a pagar pelo conhecimento ou a remendar os buracos provocados por cortes orçamentais, dando x para a factura da luz, y para salários de professores e z para jardinagem. Porque o problema se resume à corrente estratégia de redução, a todo o custo, da despesa pública, resultante nesta atitude de forçar as mudanças no financiamento antes de alicerçar a autonomia, tão eficaz na obtenção rápida de resultados como desastrosa na prossecução de objectivos estratégicos. Agrada-se a Bruxelas, controlando o défice, e ainda sobram umas coroas para comprar submarinos. Mas não se incentivam verdadeiramente as melhorias qualitativas do ensino e da articulação entre a escola e outros actores sociais como as empresas, o poder local ou os promotores culturais.
É fácil dizer que as propinas não são tão gravosas como isso, particularmente quando comparadas com gastos fúteis correntes entre larga parcela da classe estudantil. Mas não é fácil, para pais sobrecarregados com as despesas de filhos deslocados (ou não) e cumpridores escrupulosos das obrigações de contribuintes (pagam por trabalhar, pagam por consumir...), entender aumentos de 140% que levam a apertar ainda mais o cinto para dar aos filhos alguma esperança no futuro. Não é intelectualmente honesto dizer que a propina resulta numa mensalidade não tão pesada quanto isso, quando os encarregados de educação (os financiadores), têm ainda de pagar transportes, alojamentos, livros, fotocópias, comida... Porque os meninos que pavoneiam os respectivos automóveis à porta da faculdade continuarão a fazê-lo. Não é a eles que dói. Dói aos que pagam e que, por terem rendimentos ligeiramente acima da carência absoluta, não tiram benefícios da precária acção social escolar que temos. Ao passo que outros, educados no espírito competitivo da fraude, usufruem de ajudas de que não necessitam. E há ainda os pouco referidos trabalhadores-estudantes, que batalham pela valorização profissional e pessoal, também com sacrifício, e pagam com todos os algarismos, além do que mensalmente dão por conta para o IRS. É justo? Se calhar, não é.
Como pode clamar-se a justiça do aumento das propinas enquanto se aceita, com um encolher de ombros, a perpetuação das fraude e evasão fiscais até ao fim dos tempos? Para onde caminhamos, quando o Estado em que nos constituímos não sabe impor a todos, de igual forma, o cumprimento das obrigações que lhes competem? Compete sempre ao cidadão médio, ao trabalhador por conta de outrem, inepto em matéria de expedientes fiscais, garantir o sustento do Estado que somos, como se de uma inevitabilidade se tratasse. Um fado. E é nesse contexto de fatalidade assumida que muitos proclamam, sem vacilar, a justiça do aumento das propinas. Proclamam-na a partir de uma visão parcelar dos problemas, de uma pressa de remediar ao invés de solucionar. E apresentam soluções risíveis, atendendo à realidade portuguesa, como a possibilidade de fazer créditos para pagar os estudos, a amortizar pelos estudantes, eventualmente, quando caírem no desemprego qualificado ou, se tiverem sorte (?), forem apanhados na teia do trabalho precário que está a ser urdida afanosamente em nome da produtividade.
Nem sempre a contestação estudantil é bem feita. Para muitos, a participação em manifestações resulta, apenas, do espírito de carneirada e da vertente festiva que associam a uma irreverência brejeira e inconsequente. É importante que os dirigentes associativos (e alguns deles são extraordinariamente válidos) saibam resistir à tentação do protesto fácil. À ilegalidade indesculpável de cortar estradas ou fechar escolas a cadeado, impondo decisões e coarctando a liberdade de escolha dos colegas.
É importante que não percam a razão, porque a luta deles é, sob muitos aspectos, justa.
Ouvida ontem, num debate televisivo, a afirmação de um homem que se apresentou na qualidade de pai, de pai de uma estudante do Ensino Superior, é paradigma dos equívocos em que a sociedade (portuguesa? ocidental? filo-americana?...) mergulhou. Equívocos gerados pelo individualismo, pelo instinto animal de sobrevivência que este mundo competitivo incute em tanta gente, aniquilando antes da nascença qualquer possibilidade de vivência solidária.
Ora, se eu sou português, devo concluir que o dinheiro é meu e, mais do que deixar imediatamente de pagar impostos, exigirei com todo o vigor que o Orçamento de Estado contemple um subsídio pessoal a depositar na minha conta bancária, pelo que de imediato enviarei o NIB à ministra das Finanças. Antes fosse!, sussurro aos ouvidos dos botões, mas obrigo-me, sem esforço, a reconhecer que o tal dinheiro é de todos nós, embora na mão do Estado, que, como já aqui escrevi, mais não é do que a forma de nos constituirmos enquanto um todo de interesses e vivências comuns. Ou, nas palavras de José Barata Moura, reitor da Universidade de Lisboa: “O Estado é a comunidade politicamente organizada”.
Vem isto, como já poderão ter imaginado (não sem esforço), a propósito da questão das propinas. E justifica-se perante o princípio de que esse todo que nos enforma (que nós enformamos) existe para promover bem-estar e não para estar bem, para estar aliviado. Ou seja, por mais demonstrada que esteja a inevitabilidade de o Estado-providência ser um entrave ao desenvolvimento, o Estado não pode remeter-se ao confortavelmente ligeiro papel de entidade reguladora de partes que levem a cabo as obrigações do todo. Quer isso dizer que, sendo a qualificação dos portugueses prerrogativa do desenvolvimento, particularmente na realidade da Europa e do alargamento da União, o Estado deve assumir papel de relevo como entidade promotora dessa qualificação. Tal implica promover, directamente, e não apenas facilitar a promoção. Coisas similares, em tese, dada a coincidência do objectivo, mas diametralmente opostas.
É razoável pensar, reconheço, que o ensino, como qualquer serviço a que os cidadãos acedam, tenha um custo. Até o acesso à Saúde (ao Serviço Nacional de Saúde) implica o pagamento de taxas moderadoras. Porém, no caso das universidades e dos politécnicos, está muito mal esclarecido se o que se paga é o serviço ou a mera gestão corrente das instituições. Se o estudante está a pagar pelo conhecimento ou a remendar os buracos provocados por cortes orçamentais, dando x para a factura da luz, y para salários de professores e z para jardinagem. Porque o problema se resume à corrente estratégia de redução, a todo o custo, da despesa pública, resultante nesta atitude de forçar as mudanças no financiamento antes de alicerçar a autonomia, tão eficaz na obtenção rápida de resultados como desastrosa na prossecução de objectivos estratégicos. Agrada-se a Bruxelas, controlando o défice, e ainda sobram umas coroas para comprar submarinos. Mas não se incentivam verdadeiramente as melhorias qualitativas do ensino e da articulação entre a escola e outros actores sociais como as empresas, o poder local ou os promotores culturais.
É fácil dizer que as propinas não são tão gravosas como isso, particularmente quando comparadas com gastos fúteis correntes entre larga parcela da classe estudantil. Mas não é fácil, para pais sobrecarregados com as despesas de filhos deslocados (ou não) e cumpridores escrupulosos das obrigações de contribuintes (pagam por trabalhar, pagam por consumir...), entender aumentos de 140% que levam a apertar ainda mais o cinto para dar aos filhos alguma esperança no futuro. Não é intelectualmente honesto dizer que a propina resulta numa mensalidade não tão pesada quanto isso, quando os encarregados de educação (os financiadores), têm ainda de pagar transportes, alojamentos, livros, fotocópias, comida... Porque os meninos que pavoneiam os respectivos automóveis à porta da faculdade continuarão a fazê-lo. Não é a eles que dói. Dói aos que pagam e que, por terem rendimentos ligeiramente acima da carência absoluta, não tiram benefícios da precária acção social escolar que temos. Ao passo que outros, educados no espírito competitivo da fraude, usufruem de ajudas de que não necessitam. E há ainda os pouco referidos trabalhadores-estudantes, que batalham pela valorização profissional e pessoal, também com sacrifício, e pagam com todos os algarismos, além do que mensalmente dão por conta para o IRS. É justo? Se calhar, não é.
Como pode clamar-se a justiça do aumento das propinas enquanto se aceita, com um encolher de ombros, a perpetuação das fraude e evasão fiscais até ao fim dos tempos? Para onde caminhamos, quando o Estado em que nos constituímos não sabe impor a todos, de igual forma, o cumprimento das obrigações que lhes competem? Compete sempre ao cidadão médio, ao trabalhador por conta de outrem, inepto em matéria de expedientes fiscais, garantir o sustento do Estado que somos, como se de uma inevitabilidade se tratasse. Um fado. E é nesse contexto de fatalidade assumida que muitos proclamam, sem vacilar, a justiça do aumento das propinas. Proclamam-na a partir de uma visão parcelar dos problemas, de uma pressa de remediar ao invés de solucionar. E apresentam soluções risíveis, atendendo à realidade portuguesa, como a possibilidade de fazer créditos para pagar os estudos, a amortizar pelos estudantes, eventualmente, quando caírem no desemprego qualificado ou, se tiverem sorte (?), forem apanhados na teia do trabalho precário que está a ser urdida afanosamente em nome da produtividade.
Nem sempre a contestação estudantil é bem feita. Para muitos, a participação em manifestações resulta, apenas, do espírito de carneirada e da vertente festiva que associam a uma irreverência brejeira e inconsequente. É importante que os dirigentes associativos (e alguns deles são extraordinariamente válidos) saibam resistir à tentação do protesto fácil. À ilegalidade indesculpável de cortar estradas ou fechar escolas a cadeado, impondo decisões e coarctando a liberdade de escolha dos colegas.
É importante que não percam a razão, porque a luta deles é, sob muitos aspectos, justa.
sexta-feira, outubro 10, 2003
Ora bolas!
Assim não brinco! Buá, dupla e triplamente! O que eu queria escrever, mais logo, sobre os pés de barro deste ídolo bloguístico já está aqui, com todas as letras. Para quem não saiba, jmf são as iniciais de Speedy Gonzalez em servo-croata.
Terra e fogo
Devo estar errado, mas este blog e este podem, à vontade, ser feitos pela mesma pessoa. É o Yin e o Yang, o Deus que justifica a existência do diabo. Terra e fogo, feminino e masculino, se bem que estejamos a falar de duas aparentes mulheres, uma beata puritana e uma rata tola. Complementam-se perfeitamente. É o mais óbvio e um dos mais eficazes golpes publicitários, mesmo que uma e outra sejam diferentes pessoas. Almas gémeas, contudo.
quinta-feira, outubro 09, 2003
Enfim...
Parece que há uns idiotas freneticamente interessados em saber quem eu sou. Durante alguns dias, facilito-lhes a tarefa.
O homem é um Mister com ó grande
Pinto da Costa fez saber que Rui Rio não será convidado para a inaguração do Estádio do Dragão. Não há qualquer novidade nisso, mas é sempre bom que a coerência seja tornada pública.
E já que de dragões se fala, o Mata-Mouros aproveitou a afinidade clubística para honrar o Cerco do Porto com mais um prémio, que saboreio e agradeço com prazer.
E já que de dragões se fala, o Mata-Mouros aproveitou a afinidade clubística para honrar o Cerco do Porto com mais um prémio, que saboreio e agradeço com prazer.
Renaud, a propósito de Brel
Brel morreu faz hoje 25 anos. E com a data termina, aparentemente, a enternecedora (enriquecedora) homenagem levada a cabo pelo Terras do Nunca. Já aqui dei a entender que o Grand Jacques tem lugar cativo na minha prateleira de afectos (quiçá anacrónica, ainda estou a quatro dos quarenta, mas sentida). Embora belga e cantor da Bélgica (ou da Flandres, com o rigor que o TdN nos ensinou), não creio dizer asneiras ao considerar Brel o maior nome da canção francesa. Outros haverá, como Brassens, Bécaud, Ferré, e tantos, e tantos... Mas nenhum me toca como Brel. Curiosamente, o que mais se aproxima, nessa forma de tocar este ouvinte, é Renaud Séchan, simplesmente Renaud na capa dos discos, que misturou a alma de rocker ao tradicionalismo da chanson, tanto na musicalidade como no cariz interventivo. É o único que me faz ouvir rock’n’roll em Francês, porque não soa piroso. Renaud afundou-se (parece recuperado, agora) na dependência da heroína, ele que tanto atacou, cantando e escrevendo, os dealers e as drogas pesadas, em canções como esta “P’tite conne”, de 1986:
P’tite conne
Tu m'excuseras mignonne
D'avoir pas pu marcher
Derrière les couronnes
De tes amis branchés
Parc' que ton dealer
Etait peut-être là
Parmi ces gens en pleurs
Qui parlaient que de toi
En regardant leur montre,
En se plaignant du froid
En assumant la honte
De t'avoir poussée là
P'tite conne tu leur en veux même pas,
Tu sais que ces charognes sont bien plus morts que toi...
Tu fréquentais un monde,
d'imbéciles mondains
Où cette poudre immonde
Se consomme au matin
Où le fric autorise
A se croire à l'abri
Et de la cour d'assises
Et de notre mépris
Que ton triste univers
Nous inspirait malins
En sirotant nos bières
Ou en fumant nos joints
P'tite conne tu rêvais de Byzance
Mais c'était la Pologne jusque dans tes silences
On se connaissait pas
Aussi tu me pardonnes
J'ai pas chialé quand t'as
Cassé ta pipe d'opium
J'ai pensé à l'enfer
D'un téléphone qui crie
Pour réveiller ta mère
Au milieu de la nuit
J'aurai voulu lui dire
Que c'était pas ta faute
Qu'à pas vouloir vieillir
On meurt avant les autres
P'tite conne tu voulais pas mûrir,
Tu tombes avant l'automne juste avant de fleurir
Et t'aurais-je connu
Que ça n'eût rien changé
Petite enfant perdue
M'aurais-tu accepté ?
Moi j'aime le soleil
Tout autant que la pluie
Et quand je me réveille
Et que je suis en vie
C'est tout ce qui m'importe
Bien plus que le bonheur
Qu'est affaire de médiocres
Et qui use le coeur
P'tite conne c'est oublier que toi t'étais là pour personne
Et qu' personne était là
Tu m'excuseras mignonne
D'avoir pas pu pleurer
En suivant les couronnes
De tes amis branchés
Parc' que ton dealer
Etait peut-être là
A respirer ces fleurs
Que tu n'aimerais pas
A recompter ces roses
Qu'il a payé au prix
De ta dernière dose
Et de ton dernier cri
P'tite conne allez, repose toi tout près de Morisson
Et pas trop loin de moi
Renaud Séchan
P’tite conne
Tu m'excuseras mignonne
D'avoir pas pu marcher
Derrière les couronnes
De tes amis branchés
Parc' que ton dealer
Etait peut-être là
Parmi ces gens en pleurs
Qui parlaient que de toi
En regardant leur montre,
En se plaignant du froid
En assumant la honte
De t'avoir poussée là
P'tite conne tu leur en veux même pas,
Tu sais que ces charognes sont bien plus morts que toi...
Tu fréquentais un monde,
d'imbéciles mondains
Où cette poudre immonde
Se consomme au matin
Où le fric autorise
A se croire à l'abri
Et de la cour d'assises
Et de notre mépris
Que ton triste univers
Nous inspirait malins
En sirotant nos bières
Ou en fumant nos joints
P'tite conne tu rêvais de Byzance
Mais c'était la Pologne jusque dans tes silences
On se connaissait pas
Aussi tu me pardonnes
J'ai pas chialé quand t'as
Cassé ta pipe d'opium
J'ai pensé à l'enfer
D'un téléphone qui crie
Pour réveiller ta mère
Au milieu de la nuit
J'aurai voulu lui dire
Que c'était pas ta faute
Qu'à pas vouloir vieillir
On meurt avant les autres
P'tite conne tu voulais pas mûrir,
Tu tombes avant l'automne juste avant de fleurir
Et t'aurais-je connu
Que ça n'eût rien changé
Petite enfant perdue
M'aurais-tu accepté ?
Moi j'aime le soleil
Tout autant que la pluie
Et quand je me réveille
Et que je suis en vie
C'est tout ce qui m'importe
Bien plus que le bonheur
Qu'est affaire de médiocres
Et qui use le coeur
P'tite conne c'est oublier que toi t'étais là pour personne
Et qu' personne était là
Tu m'excuseras mignonne
D'avoir pas pu pleurer
En suivant les couronnes
De tes amis branchés
Parc' que ton dealer
Etait peut-être là
A respirer ces fleurs
Que tu n'aimerais pas
A recompter ces roses
Qu'il a payé au prix
De ta dernière dose
Et de ton dernier cri
P'tite conne allez, repose toi tout près de Morisson
Et pas trop loin de moi
Renaud Séchan
quarta-feira, outubro 08, 2003
Cerco torto
Queiram os leitores desculpar o trocadilho parolo, mas "Cerco torto" é mesmo o nome de uma nova secção deste blog, criada para repor a verdade onde ela esteja alterada ou ligeiramente esboicelada. Espero, claro que esta espécie de "O Cerco errou" seja uma raridade.
Ora bem. Afinal, contrariamente ao que aqui foi escrito, a filha de Martins da Cruz não é menor. Tem 18 anos, o que, para alguns iluminados da blogosfera e arredores, poderá fazer todo o sentido, tornando a demissão do ministro um escusado sacrifício. A mim, esclareço, não faz diferença nenhuma. O homem demitiu-se, e se nisso houve algo de escusado foi tê-lo feito com vários dias de atraso.
Ora bem. Afinal, contrariamente ao que aqui foi escrito, a filha de Martins da Cruz não é menor. Tem 18 anos, o que, para alguns iluminados da blogosfera e arredores, poderá fazer todo o sentido, tornando a demissão do ministro um escusado sacrifício. A mim, esclareço, não faz diferença nenhuma. O homem demitiu-se, e se nisso houve algo de escusado foi tê-lo feito com vários dias de atraso.